Os cavaleiros brasileiros têm estreia quase perfeita nos saltos

Três dos quatro cavaleiros brasileiros zeram a pista na primeira classificatória em percurso com referências nacionais desenhado pelo compatriota Guilherme Jorge

Por Diego Guichard e Rodrigo BrevesRio de Janeiro

Entre os Arcos da Lapa e o calçadão de Copacabana, em pista desenhada pelo brasileiro Guilherme Jorge, as provas de saltos tiveram início no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro. E tantos símbolos nacionais no percurso inspiraram os representantes do Brasil. O caçula Stephan Barcha, o mais experiente Doda Miranda e Pedro Veniss passaram com zero falta, enquanto Eduardo Menezes perdeu quatro pontos por cometer uma única falta. Como um dos resultados é descartado, a equipe brasileira foi a melhor do dia, junto com a Alemanha. Dos 75 conjuntos que participaram na primeira classificatória, 24 zeraram e 60 seguem na disputa individual. A estreia positiva deu esperanças a Doda.

Vejo o Brasil com chances reais de medalha de ouro, mas existem outras cinco equipes junto com a gente. Já é uma grande vantagem saber que só depende de você – disse o cavaleiro brasileiro.

Doda miranda e cornetto

Doda Miranda e Cornetto passaram zerados pelo primeiro percurso dos saltos na Rio 2016 (Foto: Reuters)

Oito cavaleiros não conseguiram completar o percurso em Deodoro. Os cavalos do argentino Bruno Passaro, do holandês Jur Vrieling, do belga Nicola Philippaerts, do japonês Daisuke Fukushima, do ucraniano Ferenc Szentirmai e de Isheau Wong, de Taipé, refugaram. Susto mesmo deram o brasileiro naturalizado ucraniano Cassio Rivetti, que caiu da sua montaria Fine Fleur du Marais na entrada do duplo, e, quase no fim, a francesa Penelope Leprevost, que também se desequilibrou e foi ao chão. Nada de mais grave aconteceu, já que ambos saíram andando normalmente, mas foram eliminados da Rio 2016.

pista feita por Guilherme Jorge começava com homenagem a Londres 2012, como é tradição na primeira prova de saltos em Olimpíadas. Entre as referências nacionais, estavam os Arcos da Lapa, o calçadão de Copacabana, uma casa colonial de Paraty, que fica na Região Sul-Fluminense, o Jardim Botânico, confetes e serpentinas representando o Carnaval, instrumentos musicais do samba e, por fim, o Morro Dois Irmãos, porta de entrada da Barra da Tijuca, onde estão se desenvolvendo a maior parte das competições olímpicas.

Ótimo início brasileiro

O primeiro cavaleiro a entrar na pista foi um brasileiro. O gaúcho Eduardo Menezes abriu os trabalhos e, diante da tensão de ser o abre-alas da Olimpíada Rio 2016, ao lado do seu cavalo Quintol, teve um bom desempenho. O conjunto derrubou apenas a testeira do calçadão de Copacabana e ficou com quatro pontos perdidos. Nada que o impeça de seguir com boas chances na competição.

Ainda não sei o motivo da falta, tenho que rever o vídeo, mas me senti bem, senti o cavalo bem. Com certeza há alguma coisa a melhorar, mas foi um bom começo. Preferia ter passado com zero. Felizmente, hoje só conta nota para o individual. Se tinha o dia para ter uma faltinha, era hoje. Foi uma honra poder abrir os Jogos Olímpicos em casa. Nunca vai sair da minha cabeça. Acho ótimo a torcida, não atrapalha em nada. Só deve ajudar a ter ainda mais a vontade de competir pela medalha – garantiu Eduardo.

Stephan Barcha, com sua montaria 100% nacional, foi ainda melhor. O caçula da equipe brasileira, que é carioca, passou limpo pelo percurso. Empolgada, a torcida gritou antes do último obstáculo, mas nada que complicasse o último salto perfeito de LandPeter. Ele deixou a pista emocionado com o ótimo desempenho da estreia, ainda mais com a presença de seus pais e amigos nas arquibancadas.

O público apoiando a gente é uma das coisas mais incríveis que já senti no esporte e na vida. Vocês podem ter certeza que vou dar o sangue para manter isso e dar uma medalha, não para mim, mas para todo mundo. Durante o percurso, foi um silêncio espetacular. Quando passei o último obstáculo foi um barulho incrível. Eu poderia escutar isso pelo resto da minha vida – vibrou Barcha, com os olhos marejados.

Com duas medalhas olímpicas por equipes no currículo em Atlanta 1996 e Sydney 2000, Doda Miranda entrou com confiança. A sobra de seu cavalo Cornetto parecia tão grande em relação aos obstáculos que os suspiros da plateia começaram a vir mais no fim, quando o zero falta foi ficando mais próximo. A experiência fez a diferença.

Especialmente essa primeira competição é um pouco mais difícil, porque é estreia. Mesmo com experiência de cinco Olimpíadas, sei que é importante fazer um bom primeiro dia para dar confiança. Fiquei muito feliz pelo rendimento do meu cavalo e dos meus companheiros. A torcida é impressionante. A gente vem esperando por um carinho como esse. Chega a emocionar. Dá muita força para a gente retribuir ao carinho e ver a alegria deles – afirmou Doda.

O último brasileiro a entrar na pista foi Pedro Veniss, que vinha de decepções nas últimas duas Olimpíadas. Em Pequim, caiu do cavalo na segunda eliminatória e, em Londres, não pôde participar porque seu cavalo foi vendido às vésperas dos Jogos. Com Quabri de L’Isle, o brasileiro começou sua volta por cima com o terceiro zero falta da equipe brasileira na primeira classificatória.

A pressão promete aumentar nos próximos percursos. A segunda classificatória individual e por equipes está marcada para a próxima terça-feira, a partir de 10h, no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro. Eduardo Menezes tem a solução para o time brasileiro conseguir manter o bom desempenho:

O atleta precisa estar acostumado com a pressão, precisamos namorar com a pressão – avisou

Escreva um Comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here