A primeira impressão que normalmente temos ao ver um cavalo é de beleza e força. Algumas pessoas têm medo, outros não, mas é unânime que arrancam sorrisos, ao menos de longe. O que a maioria das pessoas não imagina é a docilidade e a capacidade de amar que esses animais têm.
Quando falamos em Equoterapia não estamos falando somente de um método que utiliza o cavalo como instrumento de tratamento, mas também de uma possibilidade de superar os limites, além de uma troca de amor e carinho enorme entre o ser humano e o animal. Ela une as técnicas de equitação e atividades eqüestres com a finalidade de reabilitar e educar as pessoas com deficiência, em um ambiente lúdico e muito rico em estímulos.
O movimento que o passo do cavalo transmite para o praticante (pessoa que pratica a equoterapia) é muito parecido com a sensação de caminhar, pois os estímulos que são enviados para o cérebro são 95% semelhantes a marcha humana. Se pensarmos numa criança ou adulto que nunca caminhou, podemos imaginar seu cérebro sendo inundado de sensações e estímulos inexistentes até então, isso sem contar a emoção de deslocar-se através de quatro patas, e não duas rodas.
O passo do cavalo estimula o deslocamento do corpo do praticante e, com isso, estimula o equilíbrio, a coordenação, o tônus muscular e a postura. Além disso, possibilita ganhos psicológicos, aumentando a autoestima e a autoconfiança. Durante toda a sessão, os terapeutas também ajudam a estimular a fala, a linguagem, o tato, a lateralidade, cor, organização e orientação espacial e temporal, memória, percepção visual e auditiva, direção, análise e síntese, raciocínio, e vários outros aspectos. Na esfera social, a equoterapia ainda é capaz de diminuir a agressividade, tornar o praticante mais sociável, construir amizades e treinar padrões de comportamento como: ajudar e ser ajudado, diminuir e aceitar regras, encaixar as exigências do próprio indivíduo com as necessidades do grupo, aceitar as próprias limitações e as limitações do outro.
A equoterapia é indicada para o tratamento dos mais diversos tipos de comprometimentos motores, como paralisia cerebral, problemas neurológicos, ortopédicos, posturais; comprometimentos mentais, como a Síndrome de Down, comprometimentos sociais, tais como: distúrbios de comportamento, autismo, esquizofrenia, psicoses; comprometimentos emocionais, deficiência visual, deficiência auditiva, problemas escolares, tais como distúrbio de atenção, percepção, fala, linguagem, hiperatividade.
O cavalo proporciona poder enxergar o mundo de cima, para quem está acostumado a ver tudo da altura de sua cadeira de rodas. Transmite calma ao coração dos ansiosos, diminui o ritmo dos hiperativos, dá sentido as letras e números e se transforma nas pernas de quem não anda, nos olhos de quem não enxerga. O cavalo doa seu corpo e a força de seus músculos para quem uma simples contração é um grade esforço. Poder vivenciar momentos de superação de limites e trabalhar com esses animais e com esses seres humanos fantásticos é indescritível. A Equoterapia não trata o corpo e a alma somente de quem a pratica, mas também de quem tem a benção de trabalhar com ela.
Daniela Feldmann Prusch Hertz
Fisioterapeuta, Equoterapeuta, Sócia do centro Equovida, Especialista em Fisioterapia Neurofuncional e trabalha com Equoterapia desde 2008.