Paulo Vitor, durante tratamento no Centro de Equoterapia do Regimento de Polícia Montada Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo
Aos 11 anos, Paulo Vitor Fontes foi atropelado quando atravessava a Avenida Cesário de Melo, na Zona Oeste do Rio, a caminho da escola. Ele sofreu traumatismo craniano e ficou com graves sequelas na parte motora, dependendo de uma cadeira de rodas para se movimentar. Mais de dez anos depois, sua mãe, Vanda Fontes, de 42, descobriu o melhor remédio para o filho: o cavalo Hiran.
Paulo Vitor, hoje com 25 anos, é um dos 81 pacientes do Centro de Equoterapia do Regimento de Polícia Montada (RPMont) da PM, em Campo Grande. Criado em 1996, o espaço recebe crianças e adultos com necessidades especiais como autismo, síndrome de Down, paralisia cerebral e tetraplegia. Desde 2012, já foram 15 mil atendimentos gratuitos.
O tratamento é feito a partir do contato com cinco cavalos. Segundo a capitã-psicóloga Cátia Simonato, a equitação ajuda a desenvolver a função motora do cérebro:
— O cavalo caminha de forma tridimensional, como os humanos. Quando a pessoa está montada, assimila o movimento pelo sistema nervoso central. É como se o animal ensinasse o cérebro a andar.
A convivência com os cavalos também ajuda as crianças com problemas de socialização e disciplina. De acordo com a psicóloga, os pacientes que aprendem a respeitar o espaço dos animais e as regras de montaria levam esses limites para fora das aulas.
É o caso de Danilo Durst Souza, de 6 anos. Hiperativo, ele era muito agressivo e tinha dificuldade de se relacionar na escola.
— Parece que o bicho passa tranquilidade para ele — aprova a mãe, Isabele, de 32.
Apesar de 70% dos pacientes serem crianças, o tratamento também é feito por policiais militares. Um deles foi baleado numa tentativa de roubo e perdeu o movimento do pescoço para baixo. Segundo Cátia, em um ano de equoterapia, o PM venceu o medo de subir no cavalo e já consegue montar sem a ajuda dos profissionais.
Cavalo funciona como terapeuta
A equoterapia é dividida em três categorias: hipoterapia, educação e reeducação, e pré-esportivo. A distribuição é feita dependendo da deficiência de cada paciente. As sessões acontecem às segundas, quartas e sextas.
— O cavalo é um terapeuta também, já que ele faz a ponte entre o praticante e a equipe. Como ele é uma presa no meio selvagem, seus instintos são muito elaborados. Parece até que o animal entende o que as crianças precisam — afirma Cátia.
Além de psicólogos, o tratamento de dois anos é acompanhado por fonoaudiólogos, educadores físicos, fisioterapeutas e pedagogos. No total, são 12 profissionais. Para Cátia, o número ainda é pequeno.
— Seria bom ter mais gente, já que temos uma fila de espera de mais de 200 pessoas. É angustiante não poder dar atenção para todos.
Fonte: Extra Globo / Poforadaspistas