A história de dois campeões dos esportes equestres, apaixonados pelo cavalo Quarto de Milha, nas arenas e na vida.
Antonio Fernando Menegoni Silva tinha 30 anos quando laçou pela primeira vez. Era 1986, ano em que “as competições ainda eram muito amadoras e sem competividade alguma”, lembra o paulista, nascido em 1956 na cidade de Assis, Região de Marília (SP). O envolvimento com os esportes equestres aconteceu a convite do Clube Pé de Cedro, de Sidrolândia (MS), maior grupo de laçadores da época. Naquele tempo, os participantes competiam em festas de carapés, realizadas em fazendas, com provas não oficias.
O paulista chegou ao Mato Grosso do Sul no ano de 1982, quando deixou Assis para ajudar o pai na administração de uma fazenda da família, em Sidrolândia. A lida no campo e as atividades do clube caminhavam juntas. “No começo, era um grupo que andava o Estado inteiro, competindo nas festas rurais, que tinham como premiação taças e fivelas, para todas as modalidades. Lá reuníamos muitas pessoas. Sempre foi um esporte familiar, que fazia uma integração entre os parentes e os amigos”, conta.
Anos depois, Fernando começou a incentivar a criação de outros clubes. Nasceram três grupos nas regiões Sul, Norte e Centro do Estado. Nas andanças, ele saía com uma tropa de 50 laçadores, três caminhões e 45 animais para incentivar o esporte. A partir daí proprietários de fazendas passaram a construir mais pistas. Com o aumento do número de competições no MS, Fernando ganhou notoriedade e tornou-se um dos grandes nomes do Laço Comprido. Entre os anos de 1994 a 1995, ele assumiu o cargo de Patrão do Clube do Pé de Cedro.
Um laço familiar sem fim
Casado, pai de Letícia Garcia Silva Albuquerque e Antonio Garcia Menegoni Silva, o laçador passou a incentivar a participação dos filhos nos eventos equestres. “Letícia gostava de assistir e Antonio, que virou Tunico, de montar e laçar”, recorda. O primeiro contato deles aconteceu ainda no terreiro de casa, na Fazenda Boa Vista, em Quebra Coco, distrito de Sidrolândia. Em 1996, Letícia foi viver em São Paulo (SP), quando já estava formada em Arquitetura. Tunico seguiu os caminhos do pai. Se tornou administrador de fazenda e laçador.
O filho de Antonio começou a laçar aos quatro anos de idade. Aos cinco, já competia na categoria Mirim (Laço Livre). Depois passou pela Bandeira (armada de seis metros) e já colecionando muitas vitórias chegou à categoria Adulto (oito metros de armada). “Para participar das provas eu impunha que ele tivesse boas notas na escola. Era uma forma de incentivar os estudos e tê-lo do meu lado, para dar exemplos de vida e livrá-lo de caminhos errados. Assim, formei um cidadão de bem, com vínculos afetivos fortes”, relata Fernando.
“Lembro que aos nove anos vivi um momento marcante com o meu pai. Foi na classificação da categoria Pai e Filho, no Circuito de Laço Comprido do CLC. Dois pais haviam feito armadas positivas. Falei para ele que não iríamos ganhar, pois não conseguiria. Larguei nervoso, mas lacei”, descreve emocionado. O pai não conseguiu. “Naquele momento eu tremi, gelei e não achava a distância do boi. Não fiz a armada. O momento serviu para que ele passasse a confiar em sua própria capacidade. Foi mais importante do que o prêmio” afirma Antonio.
“Eu sempre quis ser igual ao meu pai. Laçar do jeito dele. Todo mundo o conhecia. Era motivo de muito orgulho para mim e para a nossa família”, diz Tunico, que participou este ano do 10º Potro do Futuro e do Campeonato Nacional de Laço Comprido. Evento realizado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) e pelo CLC, no Parque do Peão, em Campo Grande (MS). Competiram ele, seu pai, um primo e dois amigos na categoria Equipe, da 6ª Etapa do CLC.
Além de competir, os laçadores criam cavalos Quarto de Milha na Fazenda Igrejinha, a 70 km de Campo Grande e já planejam o futuro de seus filhos e netos. “Quando for pai, quero ver o meu filho competindo, para ser igual ao avô e ao pai, ou até mesmo melhor que a gente”, brinca Tunico. “Eu corria ao lado do meu filho, queria protegê-lo, vê-lo fazer o mesmo que eu. Ficarei muito feliz se puder viver tudo isso, novamente, com os meus netos, independentemente dos resultados das provas. Somente pela paixão pelo cavalo que não tem fim”, se emociona Antonio.
Fonte:
Jean Philippe Vasconcelos
TEXTO COMUNICAÇÃO CORPORATIVA