Surto expõe fragilidade no controle da doença no país. Ministério nega epidemia
POR MIGUEL CABALLERO
Vazio sanitário. Para governo, isolamento do Centro Olímpico é garantido – Divulgação / Rio-2016/Divulgação
O Ministério da Agricultura confirmou nesta terça-feira que os casos de cavalos diagnosticados com mormo são 17, e não apenas os dois admitidos anteriormente. Todos os animais estão em quarentena na Ilha de Cananeia, em São Paulo, e serão usados para estudos sobre a doença antes de serem sacrificados. O mormo é uma doença letal para cavalos, e de fácil transmissão entre os animais — através do contato com secreção, urina ou fezes contaminadas, por exemplo. O homem também pode ser contaminado pela zoonose.
A uma semana do evento-teste de Hipismo para os Jogos Rio-2016, marcado para o dia 6 de agosto, o surto da doença pode aumentar, já que há centenas de cavalos sendo submetidos a exames depois da constatação de um foco da doença no setor 4 do Complexo Militar de Deodoro. Esta área, da Escola de Equitação do Exército, fica a cerca de 550m do Centro Olímpico de Hipismo (COH), onde o torneio olímpico será disputado, ano que vem, pelos cavalos mais caros do mundo.
O órgão federal não informou quantos dos 17 cavalos isolados na ilha são de Deodoro, mas há animais do Rio e de outros estados. O ministério afirma que, apesar dos novos casos, o quadro não é de epidemia, nem ameaça a segurança sanitária dos eventos olímpicos — o COH está em isolamento sanitário desde fevereiro. Na próxima semana, 72 observadores internacionais virão ao Rio para acompanhar o evento-teste, entre cavaleiros, membros da Federação Equestre Internacional (FEI) e de confederações de hipismo de vários países. Além de conhecer detalhes da pista e das instalações, as condições de biossegurança isolamento sanitário serão averiguadas com maior atenção.
O surto de mormo expõe a fragilidade do controle sanitário brasileiro para a doença. Como os laboratórios nacionais não têm o certificado ISO para diagnóstico de mormo, o governo federal teve de enviar as amostras de 584 cavalos de Deodoro para a Alemanha. O Ministério da Agricultura diz que negocia a entrega dos resultados no “menor prazo possível”.
Como 14 cavalos do setor 4 de Deodoro, onde há o foco de mormo, disputaram competições na Sociedade Hípica Brasileira em abril, o clube mais tradicional do país, localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, foi interditado na noite da última segunda-feira para que seus cavalos sejam examinados. A direção da Hípica informou que seus animais são submetidos bimensalmente a exames de mormo e que nunca houve um diagnóstico de mormo no local. As atividades e torneios internos do clube estão mantidos, mesmo com a proibição de entrada e saída de cavalos. Apenas em eventuais casos de necessidade de cirurgia, será autorizada a saída de cavalos da Hípica.
Fonte- O Globo