Para lida ou para o lazer, a criação de cavalos segue a passos largos em um mercado cuja movimentação já chega a R$ 16 bilhões anuais
Difícil alguém não se impressionar com a beleza de um cavalo. A relação de cumplicidade e trabalho entre o homem e este animal tem milhares de anos – uma representatividade enorme na lida do campo – e toda sua força e importância já foi mostrada inclusive no cinema. Quem não se lembra dos blockbusters, “O Encantador de Cavalos”, dirigido por Robert Redford, ou “Cavalo de Guerra”, de Steven Spielberg?
No agronegócio nacional e paranaense, os cavalos são mais do que uma bela história de Hollywood. São uma realidade, com ótimo retorno financeiro. Um segmento que tem se mostrado sólido inclusive em tempos de crise econômica vivida atualmente. Raças como Mangalarga, Quarto-de-Milha e Crioulo – as mais representativas no Estado – se tornaram acessíveis inclusive para pessoas que moram nos centros urbanos, que buscam um lazer diferenciado, proximidade com os animais e, claro, fugir da correria do dia a dia.
Números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o País possui hoje uma tropa de 5,3 milhões de cavalos, sendo o Paraná responsável por 312,6 mil animais, quase 6% do montante total. A grande maioria, aproximadamente 3,9 milhões, é destinada para o trabalho, e um pouco mais de 1,1 milhão para o esporte, lazer e criação.
Um dado que impressiona, sem dúvida, é da Câmara Setorial de Equideocultura, ligada ao Ministério de Agricultura (Mapa). Em 2006, o “complexo do agronegócio cavalo” movimentou R$ 7,5 bilhões. Agora, dez anos depois, o valor já atingiu a marca de R$ 16 bilhões, uma elevação de 113%, gerando 610 mil empregos diretos, mesmo com investimentos públicos irrisórios. Além disso, os animais movimentam forte os setores de selaria, ferragens, veterinário, escolas de equitação, transporte, medicamentos, laboratórios, entre outros.
Flávio Obino Filho foi presidente da Câmara Setorial de Equideocultura por seis anos e trabalha com cavalos de corrida no Rio Grande do Sul. Em conversa com a FOLHA, ele explica que hoje o segmento emprega mais que a indústria automobilística. Para ele, é preciso romper com a ideia de que a atividade está ligada “apenas a pessoas abastadas”. “Vemos um crescimento muito grande de raças específicas, como Margalarga Marchador, Quarto-de-Milha e Crioulo, sendo todos eles voltados para o lazer e competições, exceto turfe e hipismo. Também notamos que as pessoas que vivem em grandes centros urbanos estão buscando uma atividade rural de fácil acesso e o cavalo se mostra atrativo neste caso”.
O criador comenta ainda que as raças mais procuradas têm apresentado incremento de preços na última década acima dos custos de produção com pessoal, ração, pastagem, adestramento e doma. “A dificuldade maior é dos cavalos de corrida, em decorrência da crise do turfe nacional. O preço médio de potros nos leilões não tem atendido aos custos”.
O grande desafio do setor, segundo Flávio, está na retomada das exportações. Uma doença chamada Mormo, que ataca os equinos, fechou as portas para mercados da Europa e Oriente Médio. “Nosso grande problema hoje é sanitário. Temos raças como Crioulo e Margalarga que conseguem competir com os principais cavalos do exterior, mas precisamos retomar a condição de área livre da doença, nem que seja em uma parte do País. Nos Estados Unidos ainda temos portas abertas, porque as normas são diferenciadas”, complementa.
FONTE: http://www.folhadelondrina.com.br/folha-rural/negocio-galopante-963017.html/ Horse Brasil