Um projeto criado pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás (UFG) atende de graça cavalos que puxam carroças, em Goiânia. O serviço é oferecido há cinco anos para a comunidade que trabalha com pequenos fretes ou recolhendo materiais recicláveis e não tem condições de pagar por um tratamento adequado para os animais que ajudam no transporte das cargas.
A professora e médica veterinária Luciana Brandstetter, idealizadora do projeto, contou que começou os atendimentos por perceber animais em condições de saúde ruins levando carroças pesadas nas ruas da capital.
“A gente via cavalos debilitados e sabíamos que os donos não teriam condições de pagar por tratamento, que é muito caro. Então o atendimento é gratuito e [projeto] não tem fins lucrativos. A universidade nos dá toda a estrutura e dependemos de doações de alguns medicamentos e materiais descartáveis”, contou ao G1.
Brandstetter destaca que são atendidos cerca de cinco cavalos por mês no projeto. Os problemas mais comuns são nas patas ou cólicas devido à má alimentação. Os animais recebem o tratamento e os donos são orientados pelos médicos sobre como evitar os problemas.
“É importante que os carroceiros entendam que não estamos aqui para julgar e não vamos reprimi-los. Vamos só orientar sobre como evitar os machucados ou as dores, como cuidar melhor dos animais que são tão importantes para eles. Muitos problemas acontecem por falta de conhecimento mesmo. Às vezes colocam a ferradura de forma inadequada, dão aos animais restos de comida enquanto o ideal é uma ração, pastagem ou feno”, disse.
É maravilhoso. Só de ter alguém que tem compaixão pelo animal da gente”
Não existe uma quantidade máxima de horas que o cavalo pode caminhar ou a carga que eles podem puxar, já que cada animal é diferente. A veterinária destaca ainda que é importante que os carroceiros entrem em contato e agendem o atendimento, já que a equipe de voluntários ainda é pequena.
A profissional explica que o atendimento, apesar de ser em uma unidade de ensino, é feito exclusivamente por profissionais da área. Os estudantes que fazem parte do projeto observam os procedimentos e aprendem com os professores, mas não são responsáveis pelas consultas.
O carroceiro Josias Alves Vieira, de 73 anos, conta que o projeto já ajudou mais de um cavalo dele. Em uma das consultas, ele levou a égua Luzia, que precisava tratar um ferimento e recebeu ajuda do projeto. “Trouxe ela aqui e eles me ensinaram a bater um remédio que precisava, mas quando fui fazer em casa, não consegui. Então trouxe ela de volta e eles aplicaram para mim”, contou.
Josias conta que é muito grato aos veterinários do projeto por ajudarem a cuidar dos seus animais. “É maravilhoso. Só de ter alguém que tem compaixão pelo animal da gente. Muitos não têm condições de pagar. Eu por exemplo, tiro entulho e recolho material reciclável, não conseguiria pagar por esse serviço”, elogiou.
O carroceiro Danillo Almeida de Moura, de 35 anos, que faz pequenos fretes, também levou seu cavalo, Vilão, para que os médicos examinassem a pata traseira, já que ele está mancando. “Ele costumava andar muito, mas nos últimos dias está andando bem menos. Vim para eles examinarem o que aconteceu. Eles nunca criticam, só querem ajudar mesmo. É muito bom que tenha o projeto, porque se precisasse pagar eu não teria condições”, afirmou.
Doações
O estudante e coordenador do projeto, Artur Antero, de 31 anos, conta que grupo está sempre precisando de algum medicamento ou material para trabalhar e toda ajuda é bem-vinda.
“No momento precisamos de antibióticos, vermífugos, vacinas, pomadas cicatrizantes e anti-inflamatórios. Quem puder ajudar com doações pode entrar em contato conosco e vemos a melhor forma de recolher, dar dicas de conde comprar e informar do que está em falta no projeto”, afirmou.
Fonte: Vanessa MartinsDo G1 GO/ Porforadaspistas