O convite para ser um dos condutores da tocha olímpica fez o cavaleiro olímpico Serguei Fofanoff, o Guega, rever seus pensamentos acerca da aposentadoria em Jogos Olímpicos. Em Londres 2012, ele chegou a afirmar que a Rio 2016 seria sua última. Não foi, pois os dois animais que ele usaria na seletiva, não apresentaram condições ideais, eliminando-o de forma precoce. Dias depois, após receber o convite do Comitê Olímpico Brasileiro para ser um dos condutores da tocha em Ribeirão Preto, sua cidade natal, Guega mudou de ideia.
– A ideia era me preparar bem para a Rio. Infelizmente minha égua estava imatura, meu cavalo apresentou uma lesão, e ambos não estavam bem e correriam riscos na Olimpíada, então, desisti em fevereiro. Logo em seguida veio o convite para ser o condutor da rocha. Esse negócio me deu um ânimo tão grande que eu vou parar em Tóquio – declarou o cavaleiro olímpico.
Aos 47 anos, ele dá exemplos de atletas que seguem disputando as provas de hipismo em alto nível, inclusive estarão presentes na Rio 2016. A idade, segundo ele, não pesará em 2020, seu novo objetivo: Olimpíada de Tóquio, no Japão.
– O hipismo é o único esporte olímpico que mulheres e homens competem de igual para igual. O que vale é a sensibilidade e a habilidade, e não a força. Por isso conseguimos terminar a carreira com idade avançada se comparada a outros atletas. Em Londres tinha um japonês com 71 anos competindo. Na minha modalidade é mais difícil, mas é possível encontrar cavaleiros com mais de 60 anos competindo no nível olímpico – disse Guega, lembrando que o técnico da seleção brasileira, com mais de 60 anos, estará brigando por medalhas nas provas.
Com participações em Barcelona 92, Atlanta 96, Sydney 2000 e Londres 2012, Guega compara a ansiedade e a emoção de conduzir a tocha aos momentos que antecedem cada prova olímpica.
A responsabilidade é tão grande que o cavaleiro tem sonhado com o evento. Ou melhor, tem tido pesadelos, como se tivesse esquecido de participar.
– Eu sonho que a tocha passou e eu esqueci de ir lá. Eu acordo e falo: “nossa, graças a Deus”. Acho que do domingo para segunda eu não vou dormir para não sonhar isso aí – brincou Guega, que será o penúltimo a levar a tocha em Ribeirão Preto.
A chama será entregue ao um coletor de lixo Amaro Silva, de 68 anos, natural de Recife. Escolhido pelos organizadores do evento, o pernambucano trabalha nas ruas de Ribeirão Preto há 18 anos, mas chamou a atenção pelas suas viagens de bicicleta pelo estado de São Paulo.
Durante 32 anos, de 1980 a 2012, ele fez o chamado “Caminho da fé”, somando 960km a cada viagem, totalizando aproximadamente 28.800km.