Eu posso dizer com segurança que acompanhei a vida do cavaleiro Rodolpho Riskalla desde de seu desenvolvimento uterino, infância, adolescência e o início de sua maturidade.
Filho de Renato de Grande (in memorian) e Rosangele Riskalla, irmão de outra amazona, Victória Riskalla.
Rodolpho Riskalla
Um menino que sempre demonstrou muito docilidade e educação com todos que se relacionava e, desde pequeno demonstrou muito amor pelos cavalos e, o gosto pela prática da modalidade de adestramento. Participou de várias competições nacionais e internacionais da modalidade, conquistando títulos significativos para o Brasil e o Clube Hípico de Santo Amaro, entidade que sempre representou no Estado de São Paulo.
Começou a ministrar aulas de adestramento e foi morar no exterior para aperfeiçoar e refinar sua arte equestre em diferentes países. Sua mãe, Rosangelle que também foi amazona de adestramento, juíza e técnica da modalidade, vibrava cada vez que o filho retornava ao Brasil para visita-la e ministrar clínicas de adestramento. Ele é e sempre foi o grande orgulho de sua mãe e irmã. Dono de uma humildade ímpar e um carisma extraordinário, Rodolpho sempre agregou muitos amigos ao seu redor.
No ano passado, em 2015 por ocasião de uma de suas vindas ao Brasil, foi acometido por uma doença gravíssima que lhe deixou acamado por vários meses no Brasil, tendo que dar continuidade ao seu tratamento na França, juntamente com sua mãe que lhe acompanhou a cada minuto de sua dor e recuperação.
O resultado desta terrível fatalidade foi a amputação de suas pernas e uma mão e a amputação de alguns dedos da outra mão.
Embora ajuda não lhe faltou de infinidade de amigos do seu meio esportivo e social e, a companhia incansável de sua mãe todo tempo ao seu lado, o cenário para qualquer ser humano diante de tantas aprovações de vida com apenas 31 anos de idade seria negro, mas Rodolpho nem um minuto de sua trágica trajetória de doença se queixou ou deixou transparecer desacorçoo diante de tanto sofrimento…….
Rodolpho campeao Sulamericano em 2004
Estamos em julho de 2016 e o cavaleiro Rodolpho Riskalla está a um passo de concretizar um dos maiores sonhos esportivos de um cavaleiro, que é representar o seu país nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Texto- Silvia Milani
1) Como você pode definir os últimos 9 meses de sua vida?
Uma reviravolta!! E muito aprendizado, não só de sobrevivência mas principalmente como ser humano.
2) De onde conseguiu forças para conquistar tantas vitórias em tão pouco tempo em condições tão especiais?
Da minha mãe, minha irmã e todos meus amigos.
3) Já tinha passado pela sua cabeça que mesmo amputado pudesse brilhar tanto e ser hoje alvo de exemplo para tantas pessoas na vida e no esporte.
A principio voltar a montar e fazer novos projetos foi um reflexo que me fez seguir em frente após o que aconteceu, mas saber que posso ajudar outras pessoas com a minha historia, me faz muito bem e me da mais vontade de continuar
4) Durante esse período de doença lhe passou pela cabeça que iria morrer?
Não, foi tudo muito rápido, e quando acordei do coma o pior ja tinha passado
Rodolpho 2012
5) O sentimento “ medo” faz parte de sua história de vida?
Ter medo faz parte, mas não coloco na minha historia de vida.
6) O que mais lhe motivou a tanta superação?
Sobrevivência! Querer voltar a ter uma vida “normal” o mais rápido possível
Rodolpho e Joca
7) Quando descobriu que poderia representar o Brasil nas Paraolimpíadas?
Sempre funcionei com metas. Quando decidi voltar a montar, precisava de uma meta e ter a oportunidade de representar o Brasil no Rio de Janeiro em uma competição como esta não acontece sempre! Logo contatei o Pres. da CBH, Roberto Giugni e a diretora de paraequestre, Marcela Parsons, para saber quais os passos a serem tomados e tive total apoio.
8) O que significa o cavalo em sua vida?`
O cavalo sempre foi grande parte na minha vida, me faz continuar em frente .
9) Com quem está treinando visando as Paraolimpíadas?
Hoje quem me treina é minha mae Rosangele Riskalla e a partir de julho vou contar com a ajuda da Mariette Withages, atual treinadora de adestramento do Brasil, com quem ja treinei anteriormente.
10) Quem e de quem é o cavalo que está lhe possibilitando a realizar esse grande sonho?
O cavalo que estou montando é um Hannoveriano de 15 anos chamado Warenne. Ele pertence a uma grande amiga francesa, Elodie Sarrazin, que nos conhecemos desde a primeira vez que vim para europa a mais de 15 anos.
11) O que mudou mentalmente a sua força de vida?
Ter perseverança, mesmo quando tudo parece estar ruim, continuar, pois com certeza algo de bom esta por vir!
12) Acredito que ninguém que foi cometido por uma doença tão grave, tenha tido tanto êxito em tão pouco tempo na vida e no esporte. Você conseguiu transformar sua dor em determinação?
Exatamente! Sonhos não acabam se algo ruim acontece, talvez eles mudem mas seguir em frente é o mais importante.
13) Quais serão seus próximos passos no esporte após as Paraolímpiadas?
Além de continuar com o adestramento para equestre, pretendo voltar a competir no adestramento clássico, como antes.
14) Pretende continuar sua vida morando na França?
Sim, aqui tenho toda assistência e estabilidade necessária para um bom futuro
15) Paralelamente a sua vida esportiva, estava desenvolvendo uma vitoriosa vida profissional numa grande empresa da França. Pretende dar continuidade?
Sim, a mais de dois anos trabalho para a empresa Christian Dior Couture, que me ajudou muito durante este período, e que me apoia no projeto das Paralimpíadas, assim como ja conversamos sobre a volta ao trabalho continuando a margem de evolução de antes.
16) Hoje qual é o seu lema de vida?
O mesmo de antes: VIVER, a fundo sem arrependimentos!
17) Gostaria que pudesse falar alguma coisa que motivasse outros atletas que passaram por grandes problemas físicos e hoje não conseguem ter a força e coragem que lhe acompanham diariamente a sua vida.
Acreditar! Acredite que possa conseguir, acredite que possa melhorar, acredite que possa vencer! Bola pra frente!
Ao termino de nossa entrevista exclusiva para o Site Momento Equestre, com a jornalista, Silvia Milani, Rodolpho fez questão de dar ênfase aos seus inúmeros agradecimentos: – “Estou contando com o apoio para as Paralimpíadas da COMERC energia, Kika Specialtrips agencia de viagens, Christian Dior, Site Chega de Crise, CBH, Tania Loeb Wald , Coudelaria Ilha Verde, Kineton Sellier Paris e KEP e de muitos amigos que seu eu inumerasse poderia ser injusto com alguns, pois todos foram e são muito importantes para mim e minha família”.
RODOLPHO E ROSANGELLE