A relação entre animais e humanos vai estar no centro do espetáculo de circo contemporâneo “Bestias”, que a companhia Baro d’Evel vai apresentar no final de Abril em Odeceixe, no conselho de Aljezur, disse a organização.
Madalena Vitorino é diretora artística do programa Lavrar o Mar, promotor do espetáculo, e explicou à agência Lusa que “Bestias” utiliza uma “linguagem universal” como o circo, mas dando-lhe uma roupagem “muito contemporânea e ao mesmo tempo antiga” para explorar a relação entre personagens humanas e animais.
“Este espetáculo ‘Bestias’ é maravilhoso, equaciona essa antiga tradição em que os animais também participavam no espectáculo, mas de uma forma completamente nova. São acrobatas, que são ao mesmo tempo músicos, cantores e bailarinos – o espectáculo também tem muita dança -, que contracenam com dois cavalos e quatro pássaros”, adiantou.
Os animais são “os líderes do espetáculo”, porque “comandam e lançam a sensibilidade e a inteligência da relação que se faz entre seres humanos e seres animais”, acrescentou a diretora artística do Lavrar o Mar, programa cultural que visa levar aos conselhos de Aljezur e de Monchique, no distrito de Faro, espetáculos de arte contemporâneas ou residências de artistas, uma vez por mês, entre Outubro e Maio, aproximando a oferta cultural de residentes e visitantes.
Madalena Vitorino considerou que se trata de “oportunidade incrível” para ver uma companhia que chega a Odeceixe proveniente de Barcelona (Espanha), após fazer uma “tournée muito extensa por toda a Europa” e ter “ganho vários prêmios pela sensibilidade e originalidade com que tratam este tema da relação dos animais com a linguagem circense”.
O espetáculo é adequado para crianças a partir dos seis anos e para as famílias, mas é “desaconselhado a pessoas com alergia ao feno”, que estará espalhado em cena por causa dos animais, observou.
A directora artística considerou ainda que “Bestias” permite aproximar “a estética rural do espetáculo” e “a tradição dessa zona” do interior do Algarve, onde “os animais estiveram sempre presentes”, e levar a apresentação de “trabalhos de pesquisa, de inovação e de criação de ponta do melhor que se está a fazer na Europa” a municípios “em situação de desertificação”, como Aljezur e Monchique.
Madalena Vitorino frisou que o Lavrar o Mar conta com financiamento do programa cultural 365 Algarve, que promove atividades culturais em época baixa no Algarve para esbater a sazonalidade e dinamizar a oferta nos meses de menor procura da região pelos turistas, mas também com verbas do Quadro Comunitário de Apoio Portugal 2020-CRESC Algarve e das Câmaras de Aljezur e Monchique.
“É essa mudança de paradigma que o Lavar o Mar também tem como objetivo central: espetáculos de grande qualidade e originalidade, residências artísticas que se criam aqui, apontado para uma relação entre cultura local e arte contemporânea, no domínio das artes performativas, e assim constituir a tal dinâmica que faça com que Aljezur e Monchique fiquem também na boca do Mundo, que se fale de Aljezur e Monchique através da arte”, completou.
Fonte: Por fora das pistas