De acordo com nota divulgada no site do Jockey Club de São Paulo, uma Assembleia Geral Extraordinária, marcada para o próximo dia 23/02, está sendo tida com vital importância para o futuro do da instituição paulistana. Segundo informado, o quadro que se apresenta para o curto prazo da instituição é absolutamente dramático. O déficit de obrigações imediatas já ultrapassa os R$ 48 milhões, situação esta que compromete os pagamentos de todos os itens necessários e básicos para o funcionamento do Clube
Atualmente, o mapa financeiro do Jockey Club de São Paulo apresenta quatro meses de atraso nos salários dos funcionários e dos seus respectivos vales alimentação. Exibe, também, saldo remanescente de R$ 9 milhões para quitação de prêmios aos proprietários e criadores, além de débitos crônicos com prestadores de serviços, provedores de serviços públicos (água, luz e telefonia), fornecedores e impostos correntes.
Ainda, segundo a nota, um quadro de colapso iminente, praticamente insolúvel, que só terá chance de superação através do comprometimento e da firme participação dos associados do clube.
Confira abaixo o texto:
As Responsabilidades da atual administração
O enfraquecimento financeiro e institucional do Jockey Club de São Paulo é de conhecimento dos associados. Trata-se de um processo que se aprofunda paulatinamente há pelo menos 30 anos, derivado da progressiva e ininterrupta queda de todos os indicativos da atividade turfística no País.
A atual administração do JCSP assumiu a direção do clube em Março de 2011 e traçou dois objetivos que se complementariam e garantiriam o soerguimento do Clube: O Enfrentamento da astronômica dívida tributária pregressa, com readequação dos parâmetros para futuras cobranças (IPTU e CCCN) e a busca por fontes de novas receitas suficientes para cobrir os déficits proporcionados pelo Turfe.
A condução do enfrentamento da dívida tributária foi bem sucedida, com redução superior a R$ 300 milhões. Na esfera Municipal, a representativa diminuição foi conseguida graças à adesão ao PPI e ao esforço para a adimplência das parcelas, além da posterior transferência judicial de posse da Chácara do Ferreira à Prefeitura. Já no âmbito Federal, a principal redução foi obtida no momento da alienação da antiga sede social da Rua Boa Vista, que abateu imediatamente cerca de R$ 30 milhões de dívidas acumuladas desde a década de 1980, inclusive apropriações indébitas do período. Sendo assim, o estoque de dívidas tributárias, hoje, não é mais o principal problema do JCSP. Algo que se comprova ao visualizar a drástica redução nas penhoras sobre ativos do clube:
Entretanto, o equívoco da atual administração foi ter acreditado que as Transferências do Direito de Construir do Hipódromo Paulistano funcionariam como mola propulsora econômica de curto prazo, proporcionando ganhos imediatos que garantiriam o equilíbrio financeiro ao JCSP. Infelizmente, tal cenário, até o presente momento, não se concretizou.
A morosidade do Poder Público Municipal para formalização da liberação dos Certificados, aliada aos consequentes entraves burocráticos inseridos pelos órgãos de proteção e ao atual momento econômico do País – que retraiu o mercado da construção civil e afastou potenciais compradores de TDCs – fizeram com que os R$ 170 milhões (corrigidos mensalmente pelo IPCA) em Certificados de Transferência, que são um direito inequívoco do JCSP, não tivessem a liquidez que seria vital para o momento.
A solução imediata possível e uma projeção para o futuro
Dada à dramaticidade do atual cenário e as parcas opções factíveis para garantir a continuidade no funcionamento do JCSP, a única saída é a alienação de ativos do Clube. Entre tais ativos, atualmente passíveis de alienação, estão: O Centro de Treinamento de Campinas, o imóvel atualmente locado à Tok&Stok e o imóvel atualmente locado ao Posto de Combustíveis. Além disso, se faz necessária a redução do valor de base para negociação do antigo Prédio do Colégio, cuja alienação já foi aprovada em assembleia anterior.
Importante salientar que, apesar do peso histórico de cada ativo, nenhum destes bens é, hoje, essencial para a continuidade da instituição. Tome-se como exemplo o Centro de Treinamento de Campinas, que tem sua infraestrutura subsidiada pelo caixa do clube e gera déficit anual superior a R$ 1,2 milhão. Um descompasso com o atual momento do JCSP. Sua alienação proporcionaria a quitação imediata dos prêmios aos proprietários e criadores e resolveria o passivo de salários e benefícios dos funcionários. Além de permitir condições favoráveis de negociação para todos os demais débitos, garantindo a continuidade daquilo que é a razão de ser do Jockey Club de São Paulo: O funcionamento do Hipódromo Paulistano e a preservação do calendário de corridas, afastando, assim, qualquer possibilidade de extinção.
Vencido o terrível quadro atual, as perspectivas que se apresentam para o médio prazo proporcionam um cenário positivo para a continuidade do Jockey Club de São Paulo.
O JCSP tem negociações avançadas para efetivar parceria com a francesa Le Pari Mutuel Urbain (PMU), empresa vinculada ao governo Francês e referência mundial em apostas, que já possui contrato firmado com o Jockey Club Brasileiro. Pelo modelo em discussão, a PMU assumiria papel preponderante na operacionalização e prospecção das apostas em São Paulo, proporcionando redução imediata e importante nas despesas do Clube, em torno R$ 6 milhões anuais (vide Anexo 2).
Em outra frente, a recente obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) do Hipódromo Paulistano proporcionará um respeitável incremento nas receitas de eventos do Clube. Apenas em 2016, a previsão é uma arrecadação superior a R$ 9 milhões (um avanço considerável, já que apenas R$ 2,5 milhões foram arrecadados em 2015).
Além disso, o JCSP buscará cortes na ordem de 40% em todos os gastos do clube, algo que representará uma redução global superior a R$ 14 milhões nas despesas operacionais. Importe frisar que em tal redução está incluído o forte enxugamento, já iniciado, na folha de pagamentos, resultando em uma diminuição superior a R$ 8 milhões nas despesas anuais com pessoal.
Estão em andamento, também, conversas com importantes grupos do ramo imobiliário no sentido de, finalmente, iniciar as obras para a efetivação do novo clube social do Hipódromo Paulistano. O projeto prevê a completa restauração das edificações tombadas e a disponibilização daquilo que há de mais moderno em equipamentos. Algo condizente com a grandeza do Jockey Club de São Paulo. Com essa reformulação, o Hipódromo Paulistano oferecerá condições sociais únicas, unindo modernidade, ótima localização e a beleza incomparável das edificações tombadas.
Ao mesmo tempo, a restauração dessas edificações será primordial para garantir a liberação, com as devidas comprovações, dos lotes de Certificados das Transferências do Direito de Construir do Hipódromo Paulistano, garantindo o acesso aos recursos financeiros provenientes de suas comercializações.
Assim, com o início do efeito de todas as medidas elencadas, guardamos convicção de que o operacional do JCSP estará equacionado. Dessa forma, com uma operação turfística mais equilibrada, já contemplando o pagamento dos futuros prêmios aos proprietários e criadores, além de um Clube Social que proporcione receitas crescentes, o JCSP estará preparado para seguir uma trajetória muito mais tranquila e sem sobressaltos. Esse caminho, no entanto, passa obrigatoriamente pela superação dos seríssimos problemas de curto prazo. Algo que só será possível com a compreensão e a união do atual quadro associativo.