Time Brasil de Adestramento Paraequestre faz sua melhor campanha na “Copa do Mundo” do cavalo com duas medalhas de prata individual e 7º lugar por equipe. O evento termina neste domingo, 23, no Tryon International Equestrian Center, em Mill Spring, na Carolina do Norte, EUA.
Rodolpho Riskalla com Don Henrico: duas vezes vice no Mundial 2018
(Luis Ruas)
Rodolpho Riskalla montando Don Henrico entrou para a história do Adestramento Paraequestre no Brasil ao conquistar duas medalhas de prata no mais importante evento mundial de esportes com cavalos, os Jogos Equestres Mundiais, este ano em 8ª versão e pela segunda vez nos Estados Unidos. Na terça-feira, 18/9, na prova técnica Grau IV, Riskalla atingiu 74,625% de aproveitamento, e nesse sábado, 22/9, no Freestyle Grau IV – prova com coreografia livre e música – registrou 77,780% no Tryon International Equestrian Center, na Carolina do Norte.
“Mais uma vez eu não tenho palavras. Competir em um Mundial foi uma experiência maravilhosa assim como na Olimpíada. Eu sabia que meu cavalo, que está comigo desde de julho 2017, tem qualidade pra isso. Sorte também ajudou, mas é preciso muita técnica e trabalho”, destacou Rodolpho, que trabalha na empresa Dior em Paris, treina no clube Polo de Paris e conta com apoio de sua mãe e treinadora Rosangele e da irmã Victoria, também amazona. Seu cavalo Don Henrico é um hannoveriano de 15 anos cedido por sua amiga e patrocinadora, a amazona olímpica alemã Ann Kathrin Linsenhoff.
As conquistas deste cavaleiro paulistano de 33 anos, radicado em Paris, foram fundamentais para o 7º lugar da equipe, o melhor resultado do Brasil desde que a Federação Equestre Internacional (FEI) integrou o Adestramento Paraequestre nos Jogos Equestres Mundiais, em 2010, nos Jogos de Kentucky, EUA.
A disputa por equipe aconteceu nesta sexta-feira, 21, com os resultados da segunda reprise cumprida por todos os cavaleiros dos cinco graus distribuídos em provas realizadas na quinta-feira, 20, e sexta, 21. O Brasil, em 7º, somou 210,965% pontos com aproveitamento dos três melhores resultados. Os medalhistas carimbaram o passaporte para a Paralimpíada de Tóquio 2020: Holanda, que faturou o ouro com 223,597%, a Grã Bretanha, dona da prata com 222.957%, e a Alemanha, que conquistou o bronze com 219.001%. Para o Brasil ainda há outras diversas chances de classificação para os Jogos.
A holandesa Sanne Voets, ouro na Rio 2016, com Demantur N.O.P. garantiu três títulos mundiais grau IV em 2018. na prova técnica em 18/9, no Freestyle Grau IV, em 22/9, com 79.645, além de ouro por equipes.
Sanne Voets, campeã, Rodolpho Riskalla, vice, e Kate Shoemaker,bronze em 22/9
(Luis Ruas)
Rodolpho e sua história de superação
Estreante em Jogos Equestres Mundiais, Riskalla competia no Hipismo Adestramento desde os oito anos, incentivado e treinado por sua mãe. Bicampeão Sul-americano, tricampeão Brasileiro e único atleta do país em uma F.E.I. World Breeding Dressage Championships for Young Horses (2013), Riskalla sonhava em integrar a equipe brasileira nos Jogos do Rio 2016. Conseguiu, mas na Paralimpíada, em uma historia de coragem e superação.
Depois de passar temporadas na França e na Alemanha em busca de aperfeiçoamento técnico, em 2015 Riskalla se estabeleceu em Paris. No mesmo ano, precisou voltar ao Brasil em razão do falecimento de seu pai e duas semanas depois contraiu meningite bacteriana. A luta pela vida foi intensa, inicialmente fazendo tratamento em São Paulo e depois em Paris, onde teve que amputar a parte inferior das duas pernas, a mão direita e parte dos dedos da mão esquerda.
A enfermidade não o abateu e apaixonado por cavalos e o Adestramento reaprender a andar e voltou a montar, menos de um ano após ter contraído a doença. Era início de 2016 e o sonho olímpico voltou forte. Rodolpho conquistou vaga no Time Brasil Paraequestre na Paralimpíada do Rio 2016, terminando em 10º lugar no então Grau III, hoje Grau IV. Ao longo de 2017 e 2018, o cavaleiro abraçou o desafio de representar o Brasil nos Jogos Equestres Mundiais de Tryon. O cavaleiro também compete no Adestramento e está convocado para Campeonato Sul-Americano Senior, válido como qualificativa técnica para os Jogos Pan-americanos 2019, entre 21 e 25/11, em Buenos Aires.
Time Brasil Paraequestre e equipe de apoio
(Luis Ruas)
Desempenho brasileiro no Paraequestre
O Time Brasil conquistou seu melhor resultado em Jogos Equestres Mundiais com quatro integrantes: Rodolpho Riskalla/Don Henrico no grau IV, o medalhista paralímpico Marcos Fernandes Alves, o Joca, montando Vlaminir, no grau II e no grau I o também medalhista paralímpico Sérgio Fróes Ribeiro de Oliva montando Coco Chanel M e Vera Lúcia Martins Mazzilli com Ballantine.
No balanço geral, Rodolpho Riskalla/Don Henrico (grau IV) faturou a primeira medalha de prata na prova técnica dia 18/9 com a nota média geral 73,366%. Retornou para a pista na quinta-feira, 21, na segunda reprise, válida para qualificação da equipe, ficou em segundo lugar com a nota 74,625%; e se despediu do evento neste sábado, 22, conquistando sua segunda medalha de prata com a nota 77.780% no Freestyle.
Sérgio Oliva com Coco Chanel M (grau I) foi o segundo melhor resultado do Brasil no Mundial de Tryon. Campeão Mundial em 2007 e dono de duas medalhas de bronze na Paralimpíada do Rio 2016, o brasiliense de 36 anos atingiu 70,036% na prova técnica dia 19, e 70,786% na segunda reprise com resultado válido para a classificação por equipe. Oliva não participou do Freestyle.
Também competindo no grau I, outra brasiliense, Vera Lúcia Martins Mazzilli montando Ballantine registrou 65,357% na prova técnica dia 19, e 62,607% na prova qualificatória válida para a equipe, resultado que acabou sendo descartado. A amazona de 67 anos – a mais velha da modalidade em Tryon – também não participou do Freestyle.
O último brasileiro em pista da modalidade em Tryon foi o também brasiliense Marcos Fernandes Alves, o Joca, que monta Vladimir no grau II. Dono de dois bronzes na Paralimpíadas de Pequim 2008, Joca, 57 anos, registrou 64,412% na prova técnica, 65,636% na reprise qualificatória para equipe, e se despediu do evento com 65,413% no Freestyle.
Time Brasil Paraequestre em Jogos Equestres Mundiais
O Adestramento Paraequestre foi a última modalidade a integrar os Jogos Equestres Mundiais, em 2010, em Kentucky, EUA, quando o Brasil ficou em 13º lugar e contou com representantes nos graus IA (hoje grau I) e IB (hoje grau II). O melhor resultado individual foi o 8º lugar de Vera Lúcia Mazzinni (IA).
Na Normandia 2014, a equipe ficou em 12º com Marcos F. Alves/Win Du Vieux Logis, Davi M. Salazar/Balthazr, Vera Mazzilli/Ballantine, Sergio Oliva/Emily e Elisa Mellaranci/Zabelle. Vera, em 6º, mais uma vez foi o melhor resultado do Brasil.
Nos Jogos de Tryon 2018, o Brasil ficou em 7º por equipe, e o melhor resultado individual foi de Rodolpho Riskalla/Don Henrico, prata na prova técnica e no Freestyle.
Pódios do Freestyle em 22/9
No grau I, a medalha de ouro ficou com Sara Morganti/Royal Deligth (78,867%), da Itália, a prata foi para Rihards Snikus/King of the Dance (76.113%), da Letônia e o bronze da norte-americana Roxanne Trunnell/Dolton (75,587%).
No grau II, a dinamarquesa Stinna Tange Kaastrup/Horsebo Smarties (78,947%) faturou o ouro. Pepo Puch/Sailors’s Blue (75,500%), da Áustria, ficou com a prata e a holandesa Nicole den Dulk/Wallace N.O.P (74.573%) garantiu bronze.
No grau III, o ouro foi para a holandesa Rixt van der Horst/Findslay (77,347%), a norte-americana Rebecca Hart/El Corona Texel (73,240%) garantiu prata e Dra. Angelika Trabet/Diamond’s Shine (71,840%), da Alemanha, bronze
No grau IV, a holandesa Sanne Voets montando Demantur N.O.P (79.645%) conquistou seu segundo ouro individual. A prata foi de Rodolpho Riskalla/Don Henrico (77,780%), e o bronze da norte americana Kate Shoemaker/Solitaer (73,230%).
No grau V, a britânica Sophie Wells/C Fatal Attraction (80,755%) faturou a medalha de ouro. A prata ficou com Frank Hosmar/Alphaville N.O.P (79,155%), da Holanda e o bronze com Tomoko Nakamura/Djazz F (73,540%), do Japão.
Os atletas são avaliados e divididos para competir nos grau I, II, III, IV a V (maior ao menor grau de comprometimento físico).
Fonte: CBH Rute Araújo e Carola May