No último Rédeas de Ouro, que ocorreu no final de setembro em Campina Grande do Sul (PR), as mulheres deram show de habilidade na pista. De nove categorias da competição promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), cinco foram vencidas por amazonas, que mostraram a destreza nos movimentos com o Cavalo Crioulo, apresentando performances que levaram cada uma ao lugar mais alto do pódio.
Na categoria Amador, o título ficou com Francielle Wisciniemski, montando Tarado do Trinta e Oito. Já na categoria Principiante Amador quem levou a melhor foi Debora Freitas com Ursa Maior do Trinta e Oito. Na categoria Iniciante Amador, a vitória ficou com Fabiani Odorizzi, montando Caiçara da FML. No Potro do Futuro, categoria Amador a conquista foi do conjunto formado por Nathalia Schutz e Urso Branco do Trinta e Oito. E na Snaffle Bit Amador, o primeiro lugar foi de Aline Sbrizia, montando Jubilei da Roraima.
Francielle é estudante de medicina veterinária e há dois anos procurou o treinador Antonio Correa para que ajudasse em um cavalo da criação, mas acabou indo parar nas competições de rédeas. “Nunca me imaginei competindo Rédeas, pois sempre competi provas do Freio Jovem. Então fui em busca de soluções e acabei nas provas de Rédeas com meu cavalo “problema”, após um ano conhecendo o esporte me arrisquei a arrendar um animal competitivo, o Tarado do Trinta e Oito, o qual durante um ano competi na categoria Principiante Amador, o mesmo que me levou ao pódio algumas vezes”, conta.
Entre as conquistas da dupla estão campeonatos do Derby, campeonatos gaúchos e Reservado Campeão Nacional. O Rédeas de Ouro foi a primeira prova juntos na categoria Amador. Segundo Francielle, o nível estava alto, havia competidores experientes e ainda assim levaram o título Campeões Nacionais. “Acredito que a cada ano as provas estejam melhores, o nível vem crescendo muito. Temos hoje muitas mulheres competindo de igual para igual com os homens, assim resultando no aumento da qualidade das provas também. Particularmente acho que as mulheres são mais detalhistas e em uma competição como as Rédeas os detalhes fazem toda a diferença”, salienta.
Bicampeã na categoria Potro do Futuro Amador, Nathalia é formada em Educação Física, mas trabalha como responsável do administrativo e financeiro de um Centro de Treinamento. A história começou com um convite do marido, que é treinador, que a convidou para montar e fazer aulas de Rédeas. “Eu não conhecia a modalidade, mas foi amor à primeira vista para as duas coisas, o marido e a modalidade, como brincamos. Então comecei a me dedicar e competir, hoje divido minha rotina da casa, trabalho, filhos e minha terapia que é montar. Confesso que não é fácil arrumar tempo com duas crianças e muitos afazeres, mas sempre arrumo um jeito, afinal me faz muito feliz”, declara.
Nathalia considera que o Rédeas de Ouro é uma seleção do que existe de melhor na raça para a modalidade. Com esta definição, considera o animal que montou, Urso Branco do Trinta e Oito, um exemplar diferenciado na categoria de potros. “A prova já está sendo usada como referência para venda de bons cavalos e isso fomenta o mercado do Cavalo Crioulo. Estou muito feliz com nosso resultado em pista, pois esse cavalo nunca tinha corrido nenhuma prova e nem saído de casa e se portou muito bem”, define.
Ganhadora na categoria Principiante Amador, Débora, que é contadora, começou a paixão pelos cavalos quando há quatro anos leu um livro sobre o assunto. Resolveu ir para os Estados Unidos e em um curso com o famoso treinador Monty Roberts descobriu as rédeas, onde diz que foi amor à primeira vista pela modalidade. “Quando cheguei no Brasil, fui atrás de treinadores e acabei indo para um Centro de Treinamentos e desde então minha paixão pelo esporte só aumentou”, enfatiza.
Débora decidiu treinar com uma égua crioula da fazenda de seus primos primos, onde fez o aprendizado nas rédeas. Depois resolveu investir em outra égua, a Ursa Maior do 38, com a qual ganhou o título no Rédeas de Ouro este ano.Para ela, ter ganho depois de aprender a montar há apenas quatro anos e com uma potra também de quatro anos foi resultado de muito treinamento. “Tal resultado me encheu de orgulho e serve de incentivo para buscar novos resultados em outras categorias. Quanto à presença e vitória das mulheres, acredito que por ser um esporte técnico, atrai mais as mulheres e assim acabam tendo mais destaque que em outras modalidades”, avalia.
Foto: Felipe Ulbrich/ABCCC/Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective