O atleta olímpico João Victor Oliva e Sandra Smith durante os Jogos Rio 2016
(Fotos: Arquivo pessoal)
Ainda conquistando espaço no cenário nacional e internacional, o Adestramento brasileiro vem crescendo e ganhando novos adeptos a cada ano. Uma modalidade em que a sutileza na condução deve ser predominante, o Adestramento não costuma chamar muito a atenção dos leigos, mas, a diretora de Adestramento da CBH, Sandra Smith, garante que “ao conhecer e entender o esporte muita gente vai se apaixonar”. Confira a nossa conversa e fique por dentro das últimas conquistas da modalidade e os planos para os próximos anos.
Você já está indo para o segundo ciclo no cargo de Diretora de Adestramento da CBH. Como você avalia o ciclo passado da sua diretoria?
Falando do Brasil no cenário internacional, com a sequência de competições WEG (FEI World Equestrian Games), Odesur (Campeonato Sul Americano), Pan Americano e Olimpíada foi um ciclo muito marcante, em que conseguimos um bom destaque e crescimento. No Odesur, conquistamos todas as medalhas possíveis, o que colocou o Brasil como líder da América do Sul.
Conquistamos a medalha de bronze no Pan Americano do Canadá, que também foi um mérito porque, apesar de termos conquistado essa medalha no Pan Americano do Rio, dessa vez a conquistamos fora de casa, então foi bem bacana.
E a seletiva para as Olimpíadas foram uma operação grande. Tivemos seletivas aqui, na Europa e nos EUA para formar a equipe. E no WEG, que foi o primeiro evento internacional do ciclo, a média das nossas notas foi 63, nas Olimpíadas, último evento, já foi 67. Então essa evolução das notas, do nosso aproveitamento, também foi algo muito marcante. Subimos bastante no percentual. Os atletas mantiveram suas melhores marcas na Rio 2016, que fala bem da preparação da equipe como um todo, da maturidade dos atletas e também das seletivas.
E o que vai mudar para o novo ciclo, de 2017 a 2020?
A ideia é manter um olho na parte internacional, que deve continuar crescendo, e outro olho no fomento nacional. Em termos internacionais, além de manter a participação no WEG, Odesur, Pan Americano e Olimpíada, queremos classificar um conjunto para ir à final do Mundial em 2018. Esse é o nosso novo desafio internacional.
Em termos nacionais, vamos dar mais ênfase ao Desafio Brasil, que é um projeto que começamos no ano passado, em que o juiz é que viaja aos diversos estados, avalia os competidores e temos a equipe campeã. Também vamos fazer o Brasileiro no Rio de Janeiro, para abranger mais e sair um pouco de São Paulo, que é o estado mais forte.
E o nosso regulamento também mudou bastante na parte nacional, que é uma forma de fomento, para trazer mais pessoas para o esporte. Agora, por exemplo, as botas de salto, com tarja marrom, botas de borracha e perneiras serão aceitas nas séries mais baixas. A ideia é abrir, facilitar, para que as pessoas entrem na modalidade, conheçam, gostem e depois possam ir se aprimorando.
Qual é o cenário do Adestrameto no Brasil hoje? O que tem sido feito para difundir o Adestramento para outros estados?
O maior número de praticantes está em São Paulo, mas Minas Gerais, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e DF já têm um ranking muito bom, com boa organização. Esse ano eu espero que todos participem do Desafio Brasil e levem pelo menos uma equipe para representar o estado no Brasileiro.
Mas eu também entrei em contato com todas as federações perguntando se há interesse na prática do Adestramento, se a CBH poderia fazer alguma coisa para começar a divulgar a modalidade nesses outros estados e estou aguardando essa resposta.
Caso tenham interesse, como é esse processo de iniciar uma modalidade em um novo estado?
Se houver interesse a gente precisa conversar, entender um pouco qual é a demanda, do que a Federação precisa, para pensar em um projeto adequado para a necessidade deles. Provavelmente as clínicas serão o caminho. A gente vai mandar um professor, que vai ensinar como montar o Adestramento, o que é a modalidade, para depois a federação começar a organizar provas internas, criar um ranking interno, conseguir fazer um Desafio Brasil e, depois, vir para o Brasileiro. É tudo uma escala.
Qual seria seu convite para chamar as pessoas para conhecer o Adestramento?
Eu diria que é uma modalidade que é a base de todas as outras. Se seu cavalo não aceita bem a condução, você não pode ter bons resultados nas outras modalidades. Se queremos fazer a coisa bem feita, temos que fazer pela base. E eu tenho certeza que quando as pessoas conhecerem vão se apaixonar. Vão começar a entender um pouco mais o porquê, não vão ficar tão frustradas quando as coisas dão errado e vão conseguir corrigir a tempo. Além disso, é um esporte muito desafiador. Tenho certeza que muitos vão se apaixonar.
Fonte- Chevaux