As cartolas são parte da vestimenta equestre tradicional há um século, mas agora estão sendo banidas das pistas pelo bem da saúde e segurança. Desde as Olimpíadas de 1912, as cartolas vêm sendo usadas orgulhosamente por cavaleiros e amazonas de Adestramento e Concurso Completo de Equitação em todo o mundo, mas preocupações com lesões na cabeça levaram os britânicos a mudar as regras para a temporada de 2017.
A partir de março, as cartolas serão banidas e todos os competidores de CCE de todos os níveis, terão que usar capacetes de proteção na Grã-Bretanha. No entanto, alguns cavaleiros de destaque estão questionando a decisão do orgão regulamentador britânico, o British Eventing, dizendo que esta deveria ser uma decisão individual, já que a Federação Equestre Internacional ainda permite que cartolas sejam usadas em eventos internacionais, como as Olimpíadas.
David Doel, cavaleiro britânico de CCE, acredita que os atletas devem ter a opção de usar ou não a cartola. “Precisamos acompanhar os padrões modernos de segurança, mas é uma pena que não possamos decidir sobre usar ou não uma parte tão tradicional de nosso uniforme de competição, como tem sido feito durante tantos anos”, diz.
O Concurso Completo de Equitação é comporto por três modalidades: Adestramento, Salto e Cross Country. Mas atletas competindo apenas no Adestramento, como a bicampeã olímpica Charlotte Dujardin, ou no Salto, têm suas próprias federações e regras, e não foram afetados por essa mudança.
No entanto, Dujardin já há algum tempo vem apoiando o uso do capacete, desde de que sofreu uma fratura de crânio devido a uma queda. “Eu tive sorte de ficar tudo bem. Agora eu sempre uso o capacete”, disse, após se apresentar nos últimos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Eu me sinto muito confortável e segura. Nunca se sabe o que pode acontecer e só temos uma cabeça.”
Cavaleiros e amazonas internacionais de Adestramento e CCE têm cada vez mais optado pelo uso da proteção. Na Rio 2016, 54% dos competidores usaram o capacete, contra apenas 3% nas Olimpíadas de Londres 2012.
A amazona britânica olímpica de CCE, Gemma Tattersall, usou um capacete desenvolvido especialmente para ela no Rio. “Em nosso mundo, segurança é uma grande questão. Eu realmente sou fã de cartolas, acho muito elegante. Mas precisamos nos adaptar aos tempos, aceitar as regras e adotá-las. Hoje há muitas empresas fazendo capacetes confortáveis, seguros e bonitos.”
Os últimos números da British Eventing (BE) relacionados à segurança mostraram que acontecem quase 2 mil quedas todos os anos, e o número de lesões sérias aumentaram cerca de 50% nos últimos três anos, de 35 para 52.
O Diretor de Operações Esportivas da BE, Chris Farr, declarou: “Ao mesmo tempo em que entendemos que as cartolas fizeram parte da tradição no Adestramento e CCE por décadas, fica claro para nós que elas não oferecem praticamente nenhuma segurança aos cavaleiros em caso de queda. Assim como outras federações nacionais, a BE decidiu que o correto é exigir que todos os competidores usem a proteção nas três fases do esporte em todas as competições nacionais, sempre que estiverem montados.”
Outro importante polo de CCE, a Nova Zelândia, também proibiu o uso das cartolas devido à segurança. No Brasil, o regulamento de Adestramento da Confederação Brasileira de Hipismo diz que “é obrigatório o uso do capacete, por todos os cavaleiros, independentemente da categoria em que compete ou da idade”
Fonte The Telegraph