Um projeto realizado no Espírito Santo une cavalos, crianças e detentos. Através de sessões de equoterapia, que usam animais resgatados nas ruas e domados por internos, cerca de 70 crianças das Apaes de Cariacica e Viana são tratadas dentro de uma penitenciária.
O projeto é da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) e funciona desde 2014 dentro da penitenciária agrícola de Viana. A equoterapia é um método terapêutico que emprega a montaria na reabilitação e no desenvolvimento de pessoas com limitações neuromotoras ou cognitivas.
Para isso, são usados cavalos resgatados em estradas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pela prefeitura de Viana. São animais que poderiam oferecer algum risco e provocar acidentes, mas estão fazendo bem para as crianças.
Atualmente, oito internos atuam no tratamento dos animais até que os cavalos fiquem domados para atender as crianças. Eles também auxiliam os fisioterapeutas nas sessões e trabalham de forma voluntária. Eles são beneficiados com a redução da pena. A cada três dias trabalhados, um dia de pena é reduzido.
“A tendência da Secretaria de Justiça como um todo é humanizar o ambiente prisional, e nada mais humano que uma criança. E o melhor de tudo: todos que se envolvem, se envolvem imbuídos de um voluntarismo muito grande, e isso é uma receita de sucesso para o projeto”, explicou o secretário de Justiça, Walace Tarcísio Pontes.
O treinamento é oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). E dá aos detentos uma nova oportunidade. Gustavo Rangel tem 30 anos e está preso desde 2013. Antes era mecânico e nunca tinha trabalhado com animais, mas agora já até cogita a possibilidade.
“Eu me imagino trabalhando com animal. Tudo que eu aprendi foi aqui na unidade, que deu um curso profissionalizante, nos capacitou. Me sinto uma pessoa ressocializada”, disse.
E todo esse trabalho é o que auxilia na evolução de cada criança atendida pelo projeto. A pequena Natielen tem um atraso no desenvolvimento, mas em um ano e meio de equoterapia já apresentou muitas melhoras.
“Era uma criança que não tinha nenhum tipo de equilíbrio, coordenação motora, não emitia nenhum som. Hoje ela já consegue fazer isso tudo. Adquiriu equilíbrio, tem uma postura melhor, tem desenvolvido muito através do projeto”, disse a mãe, Sheila Schoroepfer.
Diante dos resultados positivos, o projeto só tende a crescer. Ele está sendo ampliado. Antes era apenas uma pista para as sessões, agora já são duas, e a expectativa é que eles comecem a atender também uma instituição de crianças autistas.
Fonte: Globo