Desde sua criação, em 1993, a equoterapia da PM já beneficiou mais de 2 mil pessoas gratuitamente
O paciente Gabriel, portador da Síndrome de Angelman, realiza equoterapia na PM desde fevereiro
O Regimento de Polícia Montada Nove de Julho (RPMon) é uma das mais tradicionais unidades da Polícia Militar e, além de realizar o policiamento ostensivo a cavalo em eventos desportivos, manifestações, entre outros, promove, ainda, sem prejuízo às atividades operacionais, o atendimento de equoterapia à portadores de necessidades especiais.
Localizado na Rua Doutor Jorge Miranda, no bairro da Luz, região central da Capital, o centro de equoterapia da PM Paulista oferece, desde 1993, a terapia à população gratuitamente, com fila de espera de cerca de dois anos. Todas as segundas, terças e quartas-feiras à tarde e sexta-feira em período integral, o picadeiro de 120 m² é aberto e as sessões que duram em torno de 30 minutos começam. Até hoje, mais de 2 mil pacientes já foram atendidos.
O atendimento é estendido para toda a comunidade, sendo que a maior parte do público (90%) é composta por crianças. “Assim, a assistência segue o calendário escolar: funciona de março a junho e de agosto à novembro. Atualmente, aproximadamente de 80 vagas são ocupadas pela população que realiza a terapia durante um ano”, explicou o capitão PM Syllas Jadach, coordenador da equoterapia no RPMon.
Como funciona a terapia
Está cada vez mais comum a procura da terapia com cavalos [equoterapia] por pessoas portadores de necessidades especiais, isso porque, durante a terapia, o animal faz movimentos tridimensionais semelhantes à marcha humana, proporcionando benefícios para o corpo e para a mente. Diferente das terapias convencionais, a equoterapia possibilita avanços de forma lúdica e prazerosa.
Nesse método, o cavalo funciona como um instrumento que aponta novos estímulos aos praticantes e auxilia no tratamento dos mais diversos tipos de diagnósticos, como autismo, paralisia cerebral, acidente vascular encefálico, esclerose múltipla, traumatismo craniencefálico, problemas psicológicos, síndrome de dowm, entre outros.
Gabriel Oliveira Rocha, de 8 anos de idade, que possui a Síndrome de Angelman, é um dos atuais pacientes da terapia com cavalos, oferecida pela Polícia Militar da Capital. De acordo com Mônica de Souza Oliveira Rocha, seu filho já tinha realizado terapias convencionais, mas foi na equo que encontrou a felicidade do menino.
De acordo com Mônica, antes mesmo de descobrirem o diagnóstico da criança, a família já tinha conhecimento da equoterapia pelas mídias sociais. “Como já conhecíamos esse tipo de trabalho logo demos início à atividade, em paralelo com as terapias convencionais. Hoje, equoterapia oferecida pela PM, é suficiente para seus avanços”, contou.
Ao longo do processo terapêutico realizado pelo RPMon, indicado para pacientes com no mínimo três anos, sem limitação de idade máxima, os praticantes são acompanhados por profissionais voluntários. “Os técnicos traçam um plano de atendimento com foco no estímulo das áreas afetadas pela deficiência”, explicou o coordenador.
Durante a terapia, quando o cavalo anda e é possível notar como há simetria em todas as ações produzidas pelo animal. Devido a esse movimento produzido pelo quadril do animal, o paciente recebe estímulos que trabalham o sistema nervoso, músculos e ossos, além de trabalhar áreas sensoriais e motoras do cérebro. A troca de estímulos acontece durante todo o tempo.
Em geral os praticantes conquistam maior controle dos reflexos e ganhos psicológicos, como aumento de autoconfiança e concentração. Além desses benefícios, ao acompanhar os movimentos sincronizados do animal, o paciente pode obter melhora de equilíbrio e postura, já que todo o corpo se move em harmonia.
“A terapia contribui com inúmeros aspectos das consequências acometidas pelo diagnóstico do Gabriel, mas o avanço mais evidente é, com certeza, em relação à postura. Desde que começou a equo ele está com o tronco muito mais firme”, explicou Mônica.
Cavalos e profissionais especiais
Em 1993, quando os trabalhos de equoterapia foram iniciados pela corporação, uma equipe da Polícia Militar viajou à Europa para estudar e obter mais conhecimento sobre uma terapia que, até então, era nova no país. Desde então, com a ação pioneira no Brasil, foi designada uma comissão para a implantação do centro de equoterapia no Regimento.
De 1996 a 2015 foram oferecidos também cursos de capacitação para os voluntários que integram a equipe multiprofissional. Nos anos de 2010, 2011 e 2012 o RPMon promoveu encontros técnicos-científicos com o objetivo de manter e aprimorar cada vez mais o treinamento do grupo. Atualmente o RPMon conta com cerca de 40 profissionais qualificados.
Os voluntários, em geral, são profissionais de áreas afins como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, veterinários, educadores físicos e professor de equitação. Além disso, a unidade dispõem de sete cavalos e possuem espaço adequado para a vivência dos animais, além de plenas condições para alimentá-los, tratá-los e mantê-los saudáveis.