A Mieloencefalite protozoário Equina é uma doença infecciosa neurológica não contagiosa endêmica nas Américas, causada pelo Sarcocystis neurona, protozoário que tem que como hospedeiros definitivos os gambás (Didelphis virginiana e Didelphis albiventris), que eliminam o agente causador em suas fezes e urina, infectando a água e alimentos dos equinos, que acabam se tornando hospedeiros acidentais.
Não são apenas os gambás que podem ser os causadores da disseminação desta doença, pois os hospedeiros intermediários também infectam as vias de contaminação. E estes são: aves, tatus, insetos e, descoberto há pouco tempo, os gatos.
Por conta do aumento do desmatamento, estes animais acabam aparecendo em locais inapropriados e inesperados em busca de alimento o que aumenta o risco de disseminar a doença.
Os hospedeiros definitivos se infectam a partir da ingestão dos cistos do S. neurona, que estão presentes na musculatura dos hospedeiros intermediários. Quando o equino ingere o oocisto que em seu interior, há os esporocistos do protozoário, este é infectado, e em seu trato intestinal os esporocistos penetram nas células do endotélio (intestino) dos vasos e evoluem para merozoítos (forma infectante do protozoário), que vão atravessar a barreira hematoencefálica e se alojar no sistema nervoso central do animal.
O equino infectado terá sinais clínicos variáveis de acordo com a localização do agente causador, gravidade das lesões, e danos secundários provocados pela resposta inflamatória. Em geral os animais apresentarão fraqueza, tropeçam no solo ou em objetos, arrastam a pinça ao caminhar, apresentam espasticidade (aumento do tônus muscular no momento da contração, causado por condição neurológica anormal) em um ou mais membros, e incoordenação motora, o que deixa o animal com impressão de perda de equilíbrio.
Se o protozoário fizer alterações nos nervos cranianos o animal apresentará: paralisia do nervo facial, ataxia vestibular, desvio da cabeça, atrofia de masseter, atrofia e ou paralisia de língua, perda da sensibilidade na córnea e nas narinas, disfagia e balançar compulsivo da cabeça.
Quando as lesões estão presentes no neurônio motor inferior da medula espinhal, são observados: atrofia dos músculos quadríceps e glúteo, paresia e decúbito do animal.
Caso as lesões estejam instaladas na medula sacral, nota-se: paresia da cauda, incontinência urinária e anal.
Quanto mais rápida a detecção dos sinais clínicos, melhor o prognóstico, pois mais precoce será a instituição do tratamento, logo maior possibilidade de recuperação do animal. É necessário ser feito um exame neurológico para assim fornecer informações para o diagnósticos da EPM. A colheita do LCR (líquido cefalorraquidiano) e pesquisa de anticorpos contra o protozoário em questão, é muito importante para confirmação do diagnóstico. A presença dos anticorpos confirma a detecção da EPM, quando outras enfermidades tenham sido descartadas, como distintas doenças neurológicas ou doenças osteomusculares.
O tratamento consiste em acabar com o protozoário e diminuir a reação inflamatória causada pelo mesmo. Neste caso é fundamental chamar um Médico Veterinário de sua confiança para examinar devidamente o animal e escolher a melhor forma de tratamento para o caso em questão.
A prevenção dessa afecção consiste em evitar que os hospedeiros definitivos e intermediários se aproximem da alimentação ou do ambiente em que os animais embaiados se encontram pelo fato da infecção ser causada pela ingestão de alimentos e água contaminadas pela urina do gambá que apresenta os oocistos do protozoário. Dessa forma deve-se evitar o acesso dos gambás às cocheiras, depósitos de ração, cochos e bebedouros, e ter medidas de higiene.
Nos EUA já foi liberado o uso de uma vacina que vem sendo testada, produzida a partir doa protozoários mortos. Já se sabe que seu uso não acarreta efeitos colaterais, porém sua eficácia ainda está em desenvolvimento. A vacina se faz em duas doses, com intervalo de 3 a 6 semanas, e reforço anual.
A EPM, ou Bambeira, é uma doença na qual se necessita de um diagnóstico precoce para se obter um prognóstico favorável, então deve-se ter conhecimento sobre os sinais clínicos, sobre o agente biológico causador da doença, e possíveis tratamentos. Medidas de higiene devem ser tomadas para se ter um controle mais eficaz da enfermidade, evitando o contato dos equinos com a urina do hospedeiro definitivo. Dessa forma nada melhor que consultar um Médico Veterinário para a execução do melhor protocolo terapêutico.
Bibliografia:
THOMASSIAN, A.: Enfermidades Dos Cavalos, 4ª ed. São Paulo:
Varela, 2005 VASCONCELLOS, L.A.S. Problemas Neurológicos na Clínica Equina, 1ª ed. São Paulo: Varela, 1995
REED, M.; BAYLY, M.: Medicina Interna Equina, 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000
Texto produzido por: Veronica Vieira, Colatina- Es
Médica Veterinária, formada pelo Centro Universitário do Espirito Santo – UNESC // CRMV ES-02171