Stephan Barcha disputa os saltos individuais no Hipismo imagem: REUTERS/Tony Gentile
O cavaleiro Stephan Barcha, desclassificado das disputas em equipe e individual no salto por causa do uso abusivo de esporas, comparou o ferimento do cavalo que causou a sua punição a um “corte de lâmina de barbear”. Por causa do incidente, o Brasil entrou com um a menos na prova de saltos em equipe, tirando a vantagem de se descartar o pior desempenho. Os Estados Unidos também chegaram à final com três, mas conseguiram superar a desvantagem e chegaram à prata. O Brasil ficou em quinto.
“Acho que todos os homens já fizeram barba e já se cortaram em seu cotidiano, e depois saem para suas obrigações e deveres sem nenhum problema. O que aconteceu com as esporas foi isso, fiz o uso normal de um instrumento de nosso cotidiano hípico e infelizmente aconteceu um corte de menos de 2 centímetros, algo praticamente imperceptível”, comentou.
Na última quinta, Barcha voltou a lamentar a desclassificação – sem faltas nas apresentações, ele tinha grandes chances de chegar à final individual, nesta sexta. Ele também afirmou que o episódio da espora, no entanto, não o fará mudar o seu trato com o seu cavalo LandPeter. Reforça que o uso do instrumento “não é um mal como alguns imaginam” e que, no mundo do hipismo, “tratamos nossos cavalos melhor do que a nós mesmos”.
Barcha fala em fatalidade e que Peter está “excelente, feliz e muito bem cuidado”. “O que aconteceu nos jogos nunca havia acontecido em minha carreira e provavelmente nunca mais vai se repetir. Foi um fato isolado”, afirmou ele, que diz que não considerou as críticas de maus tratos sofridas na internet.
“Fiquei chateado por ter perdido a oportunidade de ajudar meus companheiros de equipe na busca pela medalha, fiquei chateado por meu cavalo e eu termos perdido a oportunidade de continuar fazendo um bom papel em casa. As pessoas que me conhecem sabem o amor e respeito que tenho pelos meus cavalos e é isso que vale, os julgamentos em redes sociais de pessoas que não me conhecem não podem me afetar”.
Barcha diz que o regulamento sobre o uso de espora ainda causa polêmica nos bastidores do hipismo. “A regra não deixa nenhuma brecha, qualquer mínimo corte é desqualificado, não é pelo uso excessivo. Entre os cavaleiros se fala que deveriam rever alguns aspectos, pois no meu caso especificamente o meu cavalo tinha todas as condições de saltar, todos os veterinários, juízes e responsáveis concordaram que poderia ter saltado”, afirmou. ” Mas a regra é rígida e não dá margem. Tanto é que se tivéssemos conseguido a medalha, por não ter sido intencional, os juízes permitiriam que eu recebesse a minha medalha”.
O cavaleiro também rebateu Rodrigo Pessoa, que associou o resultado insatisfatório da seleção na competição em equipes, à punição recebida por ele. Pessoa disse que nunca seria desclassificado como Barcha porque não usa esporas para montar sua égua. Pessoa perdeu a vaga de titular na seleção brasileira para o jovem cavaleiro carioca, o que causou um atrito entre ele e o técnico George Morris. Morris alegou que a égua do medalhista não tinha condições de competir. Descontente com a reserva, o atleta abandonou o grupo antes da Rio-2016.
“Todo cavaleiro usa esporas em 90% dos cavalos. Se ele usa espora ou não especificamente nessa égua, é por uma questão técnica, não por não querer usá-las”, respondeu Barcha, sem estender a polêmica.
Mesmo sem competir, o cavaleiro confirmou presença na final individual. E diz que a seleção é “um time unido”. “Estarei não só assistindo como os ajudando no que for preciso. O ser humano se preocupa muito com ele mesmo, devemos dar o nosso melhor para o próximo e parar com vaidades que não levam a lugar nenhum. Todos somos merecedores e espero muito que meus companheiros conquistem medalhas”.
Fonte: Uol