Conquista de Nick Skelton e Big Star parece roteiro de filme de ficção, mas aconteceu na Rio 2016, nesta sexta-feira, quando nem o próprio atleta acreditava ser possível
Um senhor britânico de 58 anos que, após superar diversas fraturas ao longo dos anos, vai disputar sua sétima edição de Olimpíada com um cavalo recém-recuperado de lesão e ganha a medalha de ouro. Se fosse o roteiro de um filme, muita gente diria se tratar de uma obra de ficção daquelas em que o enredo beira o impossível. Mas tudo isso aconteceu nesta sexta-feira, no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, no Rio de Janeiro.
Nick Skelton e Big Star levaram o ouro no salto (Foto: REUTERS/Tony Gentile)
O protagonista da história real é Nick Skelton, com uma considerável ajuda do coadjuvante Big Star, o cavalo de 13 anos com nome de estrela de filme da Sessão da Tarde apareceu quase voando para garantir o primeiro lugar ao conjunto na prova de saltos do hipismo. Eles foram perfeitos desde a primeira passagem, pela manhã, quando juntamente com outros 12 conjuntos zeraram o percurso. À tarde, mais seis continuaram sem falhas e seguiram para o desempate (jump off). Skelton e Big Star novamente não erraram. E o tempo de 42s82 foi suficiente para superar o outro único conjunto que também seguiu zerado, do sueco Peder Fredricson montando All In, que com o tempo de 43s35 terminou com a prata.
É incrível ter feito isso na minha idade. Nos últimos anos, o cavalo nunca esteve tão bem quanto esteve nesta sexta-feira. A última vez que ele ganhou uma competição foi em 2013. Desde então esteve machucado e levou dois anos para voltar a competir de novo. Ele deu muito trabalho, mas nos fez acreditar que era possível confiar. É o melhor cavalo que já tive. Estou muito agradecido a ele – vibrou o britânico nascido em Bedworth, na Inglaterra.
Nick Skelton afirmou não acreditar que conseguiu o ouro na Rio 2016 (Foto: REUTERS/Tony Gentile)
O ouro de Skelton não é o primeiro dele em Jogos Olímpicos. Em Londres 2012, ele fez parte do time britânico que terminou com o primeiro lugar por equipes. E com duas medalhas após sete edições de Olimpíadas, essa pode ter sido sua última.
Eu não vou parar agora, nesse momento. Eu vou continuar montando o Big Star nos próximos anos, mas se ele parar, eu paro. Não acredito que estarei em Tóquio 2020. Não acho que aguento mais um ciclo olímpico.
Mesmo que sua trajetória olímpica termine na Rio 2016, Skelton entrou para a história do esporte britânico ao se tornar o mais velho medalhista de ouro desde Joshua Millner, que venceu no tiro em 1908, aos 61 anos. Além disso, ninguém participou de tantas edições dos Jogos Olímpicos defendendo o país quanto o cavaleiro. Desde Seul 1988, apenas em Sydney 2000 Skelton não esteve – época em que sofreu a fratura no pescoço, sua lesão mais grave.
– Provavelmente sou o mais velho medalhista de ouro dessa Olimpíada. Mas você vai ficando mais experiente, tem de manter a frieza e confiar no cavalo. Eu realmente acredito nele. Só não consigo acreditar que ganhei o ouro, é incrível – disse, duvidando da própria história, principalmente depois do desempenho abaixo do esperado defendendo o time britânico que terminou a prova por equipes em 12º, com 13 pontos, sem avançar para a final.
Se nem ele consegue acreditar, o que diriam as outras pessoas? A história de Nick Skelton conquistou até mesmo os adversários, como o brasileiro Álvaro de Miranda, o Doda, que terminou a prova em 9º e ficou feliz com o ouro do britânico.
Fiquei muito feliz pelo Nick Skelton. Mostra para todos a dificuldade que é conseguir uma medalha de ouro. Ele ganhou a primeira por equipe em Londres. Agora, com quase 60 anos, ganhou no individual. É um esporte que, com a experiência, as coisas saem mais facilmente, desde que tenhamos cavalos bons. Ele era um dos candidatos ao ouro, só que o cavalo ficou lesionado por mais de um ano e entrou na Olimpíada um pouco fora de forma, mas aos poucos foi pegando altura e conseguiu fazer um preparo perfeito para a final – disse Doda.
Fonte: Globo Esporte