A confusão que tomou conta da equipe olímpica de saltos parece já ter um vencedor: Rodrigo Pessoa. O cavaleiro campeão olímpico em Atenas-04 está fora do time, pediu dispensa da seleção que disputa os Jogos do Rio-2016, mas já tem a palavra do presidente que estará na próxima edição das Olimpíadas.
“Rodrigo Pessoa estará na próxima Olimpíada. A carreira dele na seleção não acabou e nem vai acabar aqui. Nós contamos com Rodrigo e vamos continuar contando. A ausência dele na equipe olímpica é uma situação momentânea. Foi ruim que tenha acontecido agora, no Brasil, mas, assim, é só um momento. Rodrigo vai continuar com a gente. Eu e os próximos presidentes da Confederação Brasileira de Hipismo que virão após a minha gestão ainda contarão com Rodrigo”, afirmou Luis Roberto Giugni, presidente da CBH (Confederação Brasileira de Hipismo).
A declaração de Giugni ao UOL Esporte ocorreu um dia após o encontro do dirigente com o cavaleiro no Rio, em que, segundo o mandatário da CBH, ficou acordado que o “que passou, passou”.
Rodrigo Pessoa foi colocado na reserva do time olímpico de saltos pelo técnico norte-americano George Morris, sob a justificativa de não montar uma égua competitiva. Frente à perda da titularidade, o campeão olímpico em Atenas-2004 abriu mão de representar a seleção brasileira nos Jogos do Rio de Janeiro.
Pessoa não gostou de ser preterido e não se furtou em tornar público seu descontentamento. Na quarta-feira, 17, após a equipe nacional terminar na 5ª colocação, o cavaleiro criticou abertamente George Morris para a imprensa brasileira. “Se George Morris continuar à frente da equipe de saltos, eu não volto. Não trabalharei com ele”, cravou. “Ele chegou ao Brasil como uma lenda, vai embora como uma lêndea”, completou
A decisão de Morris sobre Rodrigo parece encontrar respaldo na equipe olímpica. Ontem, após o fim da prova de saltos, o mais experiente cavaleiro do time brasileiro, Álvaro de Miranda Neto, o Doda, deu duras declarações sobre o nível técnico da égua escolhida por Pessoa e preterida por Morris. “Com o cavalo que ele tinha, nem chegaria a hoje ´[à final]. poderia fazer várias faltas. Não tinha nenhuma condição e poderia até passar vergonha. Um cara que nem ele, um craque, necessita de um cavalo à altura, e acredito que na atual condição poderia derrubar do primeiro ao último obstáculo. A sorte dele foi não ser convocado, pois poderia ser muito ruim para o nome dele”, falou Doda.
O contrato de Morris com a CBH é até o fim dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. A última apresentação dos integrantes do time de saltos nacional será nesta sexta-feira, 19, na final individual. “Não sei se ele quer continuar”, afirmou Giugni. “Quando acabar aqui, vamos avaliar a continuidade do trabalho dele”, explicou o dirigente.
Giugni conta que gostaria de ter Pessoa no time olímpico, mas não poderia atravessar as decisões do técnico da equipe. “George Morris sentou e me disse: ‘Tem um cavalo que eu estou acompanhando os resultados, que é de um cavaleiro novo, é o Stephan Barcha’. Foi um susto grande, quem não se assusta? Rodrigo é meu ídolo, nosso herói olímpico. Mas eu não sou técnico, não sou treinador de cavalo, eu estou aqui para gerir o processo. Não sou eu que vou dizer para ele que está errado. Seria muito fácil eu dizer: “Rodrigo tem que estar no time, desmonta tudo aí”. Perderia a credibilidade do projeto”, relatou o presidente da CBH.
Com Morris, o Brasil melhorou o desempenho em relação a Londres-2012. Há quatro anos, a equipe de saltos, com Rodrigo Pessoa, terminou na oitava posição. Agora, Pessoa ficou na tribuna de imprensa, comentando para uma emissora de TV francesa, e o Brasil foi ao quinto posto, chegando muito próximo de uma medalha de bronze.
Fonte: Daniel Brito – UOL, no Rio de Janeiro/ Porforadaspistas