Julie Brougham é a atleta mais velha dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ela nasceu há 62 anos na Nova Zelândia e disputa, pela primeira vez na carreira, a Olimpíada. É apenas a quarta pessoa da história da Nova Zelândia a representar o país na prova de adestramento dentro das competições de hipismo.
O pitoresco nesta história é que Julie tem idade para ser avó – ou até bisavó – da atleta mais jovem das provas de hipismo no Rio-2016. E esta, a mais jovem, vem a ser brasileira: Giovanna Pass, de apenas 18 anos. Ou seja, o adestramento é uma prova tão longeva para os montadores que é possível uma adolescente disputar, por igual, um lugar ao pódio com alguém quase 50 anos mais velho.
“Se eu tivesse a idade da Giovanna, com certeza não teria a esperança que ela teve para disputar os Jogos Olímpicos”, afirmou Julie. “Até porque, na Nova Zelândia, o adestramento é mais como uma diversão do que como uma profissão. Eu tento encarar da maneira mais profissional possível”, justificou a neozelandesa.
Ela se tornou a mais velha de toda a Olimpíada porque outro cavaleiro, o japonês Hiroshi Hoketsu, aos 75 anos, teve de desistir da Rio-2016 porque sua égua se machucou. No caso de Julie, foi exatamente o contrário. Há três anos, ela viu os Jogos Olímpicos no horizonte e passou a dedicar a vida a tentar se classificar.
“Ocorreu de , pela primeira vez na vida, ter seis dígitos e comprei este cavalo que está comigo hoje. Com os amigos, após alguns meses de treinamento, alguém me disse: ‘Você tem um cavalo olímpico. Não deixe escapar’. Foi o que fiz e, bom, aqui estou”.
Ela se disse impressionada com a grandiosidade do Brasil. Espera conhecer as cataratas do Iguaçu, na triplíce fronteira com Paraguai e Argentina. De fala mansa e gestos lentos, Julie relata que não se importa em ser a mais velha dos Jogos. E nem tampouco os jovens estão preocupados com ela. “Não acho que os atletas se importem com essa questão de mais velho ou mais novo”, minimizou a amazona.
A neozelandesa também lamentou o noticiário em torno da Rio-2016. Segundo ela, muitas amigas deixaram de vir ao país por medo do noticiário pré-Jogos. “Todo dia, a gente só encontrava notícias pouco agradáveis. Conheço algumas pessoas que evitaram competir aqui. Mas os que vieram, e veio muita gente boa, como Mark Todd [técnico do CCE do Brasil], é só elogios para a organização.”
Sobre a aposta feita há mais de 50 anos, ela afirma que o irmão a acompanha na viagem ao Rio. “E ele trouxe os US$ 5 para pagar a aposta. Só que com a inflação de lá para cá, ele deveria me pagar US$ 5 mil, isso sim”, apontou, rindo.
Julie apresentou-se na quarta-feira e terminou na 44ª colocação no adestramento, apenas três posições à frente da brasileira Giovana, que ficou em 47º.