CAVALEIRO STEPHAN BARCHA, 26 ANOS, IRÁ SALTAR OS JOGOS OLÍMPICOS DO RIO COM O BRASILEIRO DE HIPISMO LANDPETER DO FEROLETO

Após 3 anos vivendo na Europa o cavaleiro carioca Stephan Barcha foi nessa segunda-feira, 18, oficialmente convocado para compor a equipe olímpica do Rio de Janeiro. O jovem montará o cavalo da criação nacional (Brasileiro de Hipismo – BH)  Landpeter do Feroleto.

O conjunto foi convocado juntamente com:

– Pedro Veniss – Quabri de Isle

– Eduardo Menezes – Quintol

– Doda de Miranda  – AD Cornetto K

– Stephan Barcha – Landpeter do Feroleto

– Rodrigo Pessoa – Citizenguard Cadjanine Z (reserva)

– Felipe Amaral (stand by)

Ficará a critério da Confederação Brasileira de Hipismo a definição do reserva.

Entrevista com o cavaleiro carioca Stephan Barcha:

ABCCH – Morando na Europa há mais de 3 anos, qual a expectativa de voltar ao Brasil para participar dos JO na sua própria cidade?

É uma sensação fantástica voltar para casa com a alegria de representar meu país em uma competição tão importante como os Jogos Olímpicos. Ser no Rio de Janeiro da um gosto mais que especial, pois tenho certeza que teremos muitas pessoas queridas torcendo e transmitindo uma energia fantástica para nós. É a realização de um sonho onde me mostra que todo o esforço, riscos e aprendizados valeram a pena.

ABCCH –  Você manteve a boa performance nos GPs da Europa e na Copa das Nações de La Baule e Faslterbo. Acredita que esses resultados lhe trarão confiança para superar com alto nível os percursos dos JO?

O Land Peter é o cavalo mais consistente que já tive o prazer de montar. Após os bons resultados em Copa de Nações e Grandes Prêmios 5* tenho convicção de que estamos prontos para os desafios que serão propostos nos Jogos Olímpicos.

ABCCH –  Como acha que se comportará a equipe brasileira no Rio? Acredita na conquista de medalha por equipe e individual?

Acredito que crescemos na hora certa e isso dá confiança para saltarmos em casa. Temos um time forte, com bons cavalos e bons cavaleiros, além de um grupo entrosado onde todos se ajudam e sabem que juntos somos mais fortes. Temos condições de brigar sim por medalhas tanto por equipe como no individual.

ABCCH – Acredita que ter morado na Europa por esse tempo lhe trouxe vantagens e mais experiências para chegar até aqui?

Gosto sempre de enfatizar que o esporte no Brasil está em constante evolução, diminuindo a cada dia a diferença entre o esporte no nosso país e, dos grandes centros. Vejo de forma clara o apoio da CBH na figura do seu presidente Luis Roberto Giugni, o Betão, na busca pelo fomento do esporte, valorizando as competições locais além do Ranking Hyundai que aumentou o nível dos Grandes Prêmios.  Porém para chegar ao nível de estar na equipe brasileira é necessário um período na Europa, para uma evolução técnica, e chegar a altura de disputar de igual para igual com os grandes conjuntos europeus. O apoio de todos e da CBH se fez necessário e hoje colhemos os frutos de chegarmos com um time forte.

ABCCH – Como será o treino para chegar com boa forma nos Jogos?

Os cavalos entrarão em quarentena na Europa a partir do dia 22/07. A equipe estará reunida 15 dias onde já temos dias pré-estabelecidos de treinos pelo técnico e chefe de equipe. Tenho certeza que todos os cavalos chegarão em ótima forma.

ABCCH – Quando virão os cavalos para o Brasil? Quais são os procedimentos de segurança para a viagem área dos animais?

Os cavalos desembarcam no Brasil no dia 7/8 e vão direto para Deodoro. Temos o Dr. Rogério Saito tomando todos os cuidados com a saúde dos cavalos e acompanhando cada detalhe e bem-estar dos animais. Esses cavalos estão acostumados com viagens aéreas, normalmente as coisas andarão com tranquilidade.

 

ABCCH – Sobre o cavalo BH Landpeter do Feroleto poderia nos contar da formação de base, e de alguns dos resultados mais marcantes na carreira dele?

Sua iniciação esportiva se deu no Haras Primavera, e com cinco anos a proprietária Chiara Besenzoni, junto de seus pais, comprou-o e confiou aos cuidados do cavaleiro Sergio Marins sua formação. Sergio tem uma capacidade incrível na formação de cavalos jovens até chegar aos Grandes Prêmios. Há pouco mais de um ano comecei a monta-lo com o objetivo de estar apto para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos. Esse era o sonho de todos os envolvidos, meu pessoal, proprietários, criadores, Sergio Marins etc.

Landpeter sempre foi um vencedor, ganhou campeonato brasileiro sênior top, grandes prêmios no Brasil e na Europa. Fico orgulhoso de estar nessa historia, pois é um cavalo Brasileiro de Hipismo com qualidade superior em qualquer lugar do mundo.

ABCCH – E sobre a filiação do produto da criação nacional. Qual a sua avaliação da mistura de sangue? Quais são as características mais marcantes?

O Pai do LandPeter é o famoso garanhão LandRitter e sua mãe é na minha opinião uma das melhores matrizes da criação nacional; Wanda Z. Ambos foram animais que criaram muitos cavalos de qualidade.

O Haras Feroleto tinha o pai de sucesso e o Haras Primavera tinha a mãe de sucesso, a junção dos dois deu o cavalo mais completo que já montei. Caráter fantástico, força, respeito com o salto, elasticidade e uma característica que eu aprecio muito que é a inteligência. É uma genética de sucesso, que espero que marque época no RIO 2016. 

ABCCH –  Sobre os planos de um futuro próximo, você continuará com Landpeter após as Olimpíadas?

O Landpeter é um cavalo que qualquer cavaleiro gostaria de montar e comigo não é diferente, tenho um prazer em saltar e conviver com ele no  dia a dia incrível. Minha vontade como cavaleiro é mantê-lo sob minha sela e saltar muitos campeonatos nos próximos anos e se possível lá na frente aposenta-lo como um grande campeão no Brasil, país que ele nasceu e onde ele merece estar. Batalharei muito por esse sonho.

ABCCH – E quanto a sua moradia, ficará na Europa ou voltará para o Brasil?

Sinto muita falta do Brasil. Abrir mão de estar em seu país não é uma coisa fácil, principalmente para uma pessoa como eu: que amo meu país independente do momento que vivemos hoje. Porém o sonho do esportista são as conquistas, medalhas etc. E para isso ainda vejo a necessidade de me manter na Europa ou em um grande centro. São sacrifícios que para mim ainda valem a pena.

ABCCH – Faça uma avaliação sobre o nível técnico dos eventos que acontecem no exterior em comparação aos do Brasil. Quais as principais semelhanças e diferenças?

Como já falei anteriormente o Brasil está em constante evolução. É nítido o esforço que a CBH faz para elevar o nível do nosso esporte internamente, temos cavaleiros com condição de ir para a Europa buscando uma evolução e fazer bonito fora do país.

Porém ainda existe uma diferença técnica relevante nos concursos. Na minha opinião, tecnicamente são duas diferenças, largura dos oxers e o tempo concedido que na Europa é um fator que dificulta muito a execução dos percursos.

ABCCH –  Você provavelmente será o único cavaleiro nos JO de Salto a saltar com um cavalo da criação nacional. Podemos acompanhar na história da Raça grandes resultados em competições internacionais, incluindo Pan-americanos e JO. Como poderia avaliar a criação brasileira em comparação com as demais?

A criação brasileira nos últimos anos deu um salto de qualidade. Em Atlanta 96 e Sidney 2000 tivemos as maiores conquistas de times brasileiros que foram as inéditas medalhas olímpicas com dois dos mais famosos BHs até hoje: Aspen e Calei. Mostrávamos já a capacidade que temos para criar animais diferenciados. Mas estamos falando de dois expoentes da criação nacional. Hoje vejo que crescemos em numero de cavalos criados anualmente e consequentemente temos mais cavalos de uma qualidade superior. O entendimento na criação, além da capacitação dos profissionais na formação hoje me dão a certeza que estamos no caminho certo e para mim é uma honra poder voltar a competir no meu país, na minha cidade natal com um cavalo nascido e formado no Brasil. Somos capazes, todos somos brasileiros.

Gostaria de deixar um recado a todos:

´´A caminhada só começou, estar nos jogos é a realização de um sonho de vida, um sonho não só meu, mas de todos os envolvidos e amigos. Não poderia estar mais feliz pela responsabilidade de junto a um cavalo da criação nacional, carregar a responsabilidade de representar o Brasil, país esse que tanto amo e respeito.

Esse cavalo merece isso, merece voltar em casa e mostrar a todos do que nós brasileiros somos capazes, capazes de sonhar, capazes de nos superar, capazes de acreditar no “sim é possível” “nosso time é forte” “podemos fazer historia em casa”. Nós Brasileiros temos isso, temos a crença que vai dar certo o que muitos julgam difícil ou impossível. Esse cavalo me deu isso, força para ir atrás do que sempre sonhei e a certeza de que juntos somos mais fortes.”

Stephan Barcha 

FONTE:ABCCH

 

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