Mesmo em tempos de turbulência econômica no país, alguns setores se mantém aquecido para os investidores apesar da retração na maioria dos segmentos. Com o agronegócio em expansão e segurando os números na economia do Brasil, o setor vem sendo um dos mais atrativos para este público, que vem trocando ações e imóveis por investimentos no campo. A equinocultura surge como opção para quem não quer colocar os ovos na mesma cesta e promover uma variação.
Mas, para realizar este tipo de investimento, é preciso se cercar de informações e assessoria de quem tem experiência no ramo. Um exemplo é o empresário do setor de automóveis Marcelo Piccoli, de Porto Alegre (RS). Há 60 dias, ele decidiu entrar no ramo do cavalo Crioulo e comprou uma cota de um garanhão da raça chamado Maragato dos Alpes, que é detentor de títulos de exposições e pai de exemplares que vem comprovando nas pistas a genética campeã do animal.
Piccoli diz que entrou neste meio pela paixão pelos animais que carrega consigo desde pequeno. Mas a paixão também virou negócio e mesmo em pouco tempo já celebra o retorno pelo investimento na venda de uma cobertura (que significa a venda do sêmen do animal para acasalamento ou inseminação artificial). “Faz pouco tempo que entrei neste tipo de investimento e já tive este retorno. Pretendo continuar investindo”, salienta.
O empresário também já adquiriu a cota de 50% de um outro exemplar da raça Crioula. Além do negócio, o investidor também pretende entrar no mundo das competições equestres e vai se preparar para o Freio do Proprietário, modalidade promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC). “Como eu gosto de competição, e já competi em moto velocidade por 12 anos ganhando títulos, tenho muita vontade de entrar no pódio do Freio do Proprietário”, ressalta.
Já Marcelo Sulzbach, que é piloto e comandante de aeronaves de uma grande empresa do setor aéreo há 17 anos, decidiu diversificar a carteira de investimentos que já contava com ações e imóveis. Foi aconselhado por um amigo a entrar neste meio no qual se interessou e começou a trabalhar com esta frente, mesmo não tendo ligação com o setor rural. “Eu não lido com o cavalo Crioulo no campo, sou só um investidor. Continuo na minha atividade e uso o cavalo Crioulo como um investimento, assim como a Bolsa de Valores, por exemplo”, destaca.
Sulzbach avalia que, colocando na ponta do lápis, a aquisição de cotas e coberturas vem sendo um excelente investimento pelo retorno em relação à outros setores. Garante que o retorno líquido que tem alcançado é de aproximadamente 6% ao mês, maior do que vem obtendo no mercado financeiro. Uma das estratégias do investidor é comprar na baixa temporada de vendas de equinos e vender na alta temporada. “A oscilação não é a do mercado financeiro, pois existe uma sazonalidade. A época de vendas é sempre a mesma”, afirma.
Um dos modelos mais comuns de investimento é a compra de cotas do equinos, onde o investidor adquire um percentual do animal e tem direito à venda de um número de coberturas anuais. Conforme o exemplar conquista títulos, ou seus descendentes obtém resultados em provas e exposições, o cavalo é valorizado. Um exemplo é o garanhão da raça Crioula JLS Hermoso, que foi comprado pelo proprietário pelo valor de R$ 30 mil e gerou campeões nas pistas da raça Crioula. Em 2014, a venda de cotas do animal garantiu uma valorização de mercado do exemplar em R$ 16 milhões.
Para Gonçalo Silva, diretor da Trajano Silva Remates, escritório de leilões rurais que intermedeia este tipo de negociação, ao contrário do que ocorre em muitos setores, o mercado do cavalo Crioulo vem se mantendo estável desde o ano passado. “Isto é uma prova de que é um bom investimento comparando com imóveis, por exemplo. No que se refere à preços, o setor vem se mantendo estável. Já no que se refere à comercialização e o número de novos entrantes, o setor vem crescendo. Ainda é um segmento que cresce apesar da crise”, observa.
Silva avalia que as tecnologias e novas regras sobre transferência de embriões autorizadas pela ABCCC, vem impulsionando o mercado. “A tecnologia no segmento dos equinos vem avançando a passos largos, principalmente após as novas normativas sobre congelamento de sêmen e transferência de embriões, possibilitando um maior crescimento e ganho a longo prazo. É uma forma de segurança para este investidor”, conclui.
Foto: Cao Ferreira/Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective/ Tribuna Lusitana