O termo “Equoterapia” foi criado pela ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia, fundada em 1989) e caracteriza todas as práticas que envolvem o cavalo para a terapia, desde técnicas de equitação até outras atividades equestres, que objetivam a reabilitação e/ou educação de pessoas com deficiência ou necessidades especiais.
Conceito de Equoterapia:
Trata-se de um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação, visando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades especiais.
“Praticante de Equoterapia” é o termo utilizado para se referir à pessoa quando em atividades equoterápicas. Este atua ativamente no processo terapêutico e em sua reabilitação, na medida em que interage com o cavalo.
As sessões de Equoterapia podem ser realizadas em grupo, mas todo o planejamento e acompanhamento devem ser individualizados.
É importante lembrar que a Equoterapia não exclui outras formas de terapia, ou seja, não é exclusiva, nem excludente. É complementar.
Indicações da Equoterapia:
É indicada para casos em que se objetiva a busca por benefícios biopsicossociais às pessoas com deficiências físicas e/ou com necessidades especiais, tais como:
- Lesões neuromotoras de origem encefálica ou medular;
- Patologias ortopédicas congênitas ou adquiridas por acidentes diversos;
- Disfunções sensório-motoras;
- Distúrbios (evolutivos, comportamentais, de aprendizagem, emocionais).
Qual o papel da Psicologia na Equoterapia?
A prática da Equoterapia, do ponto de vista da Psicologia, é importante por “desencadear” vários comportamentos e sentimentos, com os quais, o psicoterapeuta irá trabalhar utilizando o cavalo como agente facilitador.
Em relação ao praticante, o(a) psicólogo(a) equoterapeuta irá priorizar o trabalho emocional (envolvendo também o ser global, que são os fatores biológicos, mentais e sociais). Irá levar em conta aspectos como frustração, auto-estima, rejeição, carência afetiva, criatividade, noção de espaço (no que diz respeito à descoberta do próprio “eu” e de seu espaço no mundo) e consciência corporal.
Em relação à família, este(a) profissional trabalhará sentimentos advindos do fato de ter uma pessoa com necessidades especiais em seu convívio, como superproteção, rejeição, negação. O objetivo é sempre a melhoria da qualidade de vida para o praticante, familiares e pessoas que com eles convivem.
Em relação à equipe, o(a) psicólogo(a) traduz para os demais profissionais o padrão de funcionamento mental do praticante e as implicações e decorrências nos aspectos social, familiar e pessoal. Elabora junto à equipe também um plano de intervenção, enfatizando as emoções.
Histórico na Psicologia desta relação entre homem e cavalo:
- Freud: Recomendava o cavalo para casos de histeria e insônia. “É o único movimento que se assemelha ao movimento do útero materno”.
- Jung: “Nossa relação com o mundo é por meio de símbolos (arquétipos – ideia)”. Um dos arquétipos mais fortes na teoria junguiana é o cavalo; ele evoca poder, força, autoridade e transmite, em quem o monta, a sensação de controle e domínio.
- Winnicott: Objeto transicional: cavalo (facilitador de novas condições, de novas experiências). A relação com o cavalo é de troca (formação de vínculo afetivo).
Benefícios da Equoterapia do ponto de vista Psicológico:
- Melhora da autoestima e autoconfiança;
- Sensação generalizada de bem estar;
- Condições para desenvolver afetividade (vínculo);
- Desenvolvimento psicomotor;
- Aquisição de autonomia;
- Estimulação da linguagem e da área sensório-perceptiva;
- Socialização / Autocontrole;
- Re (inserção) social.
Contraindicações para Equoterapia do ponto de vista Psicológico:
- Medos e fobias em grau altamente acentuado;
- Distúrbio de comportamento que acarrete risco para o praticante e para outros;
- Forte rejeição ao cavalo;
- Severos transtornos psiquiátricos (alucinações deliróides em alto grau).
Notas:
Reconhecimento da Equoterapia:
O Conselho Federal de Medicina (CFM), em Sessão Plenária de 9 de Abril de 1997, aprovou o parecer 06/97 que diz:
- “A Equoterapia tal como conceitua a Associação Nacional de Equoterapia – ANDE – Brasil, é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar aplicada nas áreas de saúde e educação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com necessidades especiais. Somos, portanto, pelo reconhecimento da Equoterapia como método a ser incorporado ao arsenal de métodos e técnicas direcionados aos programas de reabilitação de pessoas com necessidades especiais…”.
- “Pela estratégia traçada pela ANDE – Brasil e dentro da legislação brasileira, há necessidade de comprovação científica, feita por profissionais brasileiros, e dentro do que prescreve a resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que trata das normas de pesquisa envolvendo seres humanos.”
- “Os dados levantados nas pesquisas devem ser concentrados na ANDE – Brasil que, juntamente com a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, encaminhará ao CFM para avaliação e posicionamento definitivo desta Casa”.
A Secretaria de Educação do Distrito Federal reconhece a Equoterapia como um método educacional que favorece a alfabetização, a socialização e o desenvolvimento global dos alunos com necessidades educativas especiais.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em Resolução nº 384, de 27 de março de 2008, reconhece a Equoterapia como recurso terapêutico da fisioterapia e da terapia ocupacional.
Fonte: ANDE – BRASIL (clique aqui para saber mais sobre a Equoterapia)