Ministério da Agricultura cancela sacrifício de animais em Deodoro

Após repercussão e exames serem considerados inconclusivos, medida foi suspensa

 

O Ministério da Agricultura cancelou o sacrifício de 45 cavalos que estão com a suspeita da zoonose mormo. A ação estava marcada para as 15h desta quarta-feira, 22, no Regimento Andrade Neves, na Vila Militar, na zona oeste do Rio.

Os animais estão aquartelados em uma área próxima ao Complexo de Deodoro, onde serão disputadas as provas de hipismo nos Jogos Olímpicos. E, no próximo dia 6 de agosto, começa o primeiro evento-teste da modalidade, que faz parte do calendário de preparação para o Rio-2016.

Na quarta-feira foi feita uma reunião e foi informado que o exame que identificou a bactéria que causa a doença no organismo do animais seria inconclusivo. 4 oficiais afirmaram que a pressa em abater os animais estaria associada a proximidade do evento-teste. Esta ordem teria causado indignação entre os militares do Exército, além disso, após a notícia vazar na mídia, a repercussão foi negativa.

Oficialmente, o Exército e o Ministério da Agricultura negaram que a execução dos animais estivesse marcada.

De acordo com  reportagem do jornal Folha de SP, foram feitas covas em um terreno, que abrigariam os corpos dos cavalos que seriam sacrificados.

 

 

 

Covas seriam para abrigar os corpos dos 45 cavalos 

 

O local, conhecido como morro do Carrapato, fica distante cerca de 15 km da entrada da Vila Militar, onde o regimento está localizado. O acesso só é possível através de caminhonetes com tração nas quatro rodas.

“A notificação verbal do Ministério da Agricultura nos foi comunicada e tivemos que abrir as covas. Os animais seriam executados com um tiro de pistola de pressão no meio dos olhos assim que a notificação em papel chegasse”, disse um capitão do Exército.

Já o comandante do regimento, tenente-coronel Paulo Cezar Crocetti, afirmou que ainda não recebeu os exames associados a identificação da zoonose mormo.

O Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, está isolado há seis meses, como manda o protocolo internacional para condições sanitárias. Os cavalos do Exército e de particulares foram levados, então, para campos vizinhos.

Em três dias do mês de julho deste ano foram recolhidos sangue de 496 animais, dos quais 45 teriam apontado positivo para o mormo.

Em caso de positivo, o protocolo do Ministério da Agricultura prevê que o veterinário responsável pelo animal tenha a opção de solicitar um novo teste. Essa segunda opção, segundo os militares, não estaria sendo cumprida devido à proximidade com o evento-teste.

 
Exame é falho

O veterinário Werner Riekes afirmou que o teste realizado pelo Ministério da Agricultura é falho. “O exame é sorológico e detecta somente o anticorpo. O animal pode estar com o anticorpo da doença, mas não com a bactéria. Então, sacrificam o cavalo sem se ter a certeza”, disse.

De acordo com Werner, o exame chamado PCR, feito nos Estados Unidos e na Europa, é capaz de traçar o perfil da bactéria Burkholderia Mallei, responsável pela doença. No entanto, por ser mais caro, esse exame não é adotado no Brasil.

“O exame usado pelo governo, que é somente sorológico, custa cerca de R$ 45. Já o PCR custa entre R$ 700 e R$ 800, por animal”, disse.

O veterinário já entrou na Justiça contra o Ministério da Agricultura para salvar animais que foram diagnosticados como positivos, mas que o PCR concluiu como negativo.

 

Fonte: Revista Horse com Folha Press/ O Tempo

 

 

 

 

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