Amazona pode ser convocada para disputa no Rio de Janeiro
Por: Paula Menezes
Os próximos meses serão fundamentais para as pretensões da amazona Karina Johannpeter, de 32 anos. A partir de fevereiro, a atleta começa, na Espanha, o período de competições que servirá como preparação para a Olimpíada de 2016. Seus resultados serão avaliados por uma comissão técnica da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e poderão lhe dar uma das cinco vagas na equipe que estará presente no Rio de Janeiro.
Atualmente, Karina faz parceria com o cavalo europeu Casper. Os dois treinam em Münster, na Alemanha, onde a brasileira mora há quatro anos. A parceria com o animal ainda é nova. Está sendo construída ao longo de 2015 e deve atingir seu melhor nível em 2016.
Foi justamente por conta da ligação com Casper que Karina teve de desistir novamente de uma vaga, dessa vez no Pan-Americano de Toronto. A amazona sentiu que o animal precisava de descanso e decidiu abrir mão da disputa. E ela não se arrepende. Acredita que, com a decisão, o cavalo estará pronto para brilhar na Olimpíada.
Confira a entrevista na íntegra:
Como está a sua programação para os próximos meses, visando a Olimpíada?
Meu foco na preparação é em fevereiro, na Espanha, quando começam as competições outdoor, como a gente chama. Porque agora, na Europa, está na temporada de competições indoor, que são em locais fechados. Como a Olimpíada é no Rio de Janeiro, o foco específico para treinamento e para seletiva começa ano que vem, em fevereiro. Nesses próximos dois ou três meses, os cavalos vão continuar competindo, mas só para manter a forma física, para ter essa manutenção do treino. A partir de fevereiro do ano que vem, todos os cavaleiros ficam envolvidos na seletiva e, a partir desse momento, os que têm chance de pegar uma vaga vão ser observados pela comissão técnica.
Na última Olimpíada, você viveu um momento difícil. Estava convocada e teve de desistir. Como foi o sentimento?
Foi uma coisa bem difícil, porque há quatro anos, estando convocada pela Confederação Brasileira de Hipismo, seria minha primeira Olimpíada. 24h depois da convocação, meu cavalo teve um mal estar, uma cólica, e precisou ser operado. Com isso eu estava fora de Londres. Foi um momento difícil, porque a gente passa muitas horas, o ano inteiro, trabalhando para esse momento. A gente conseguiu fazer parte do grupo e, 24h depois, eu estava fora de novo. Foi difícil, mas a gente sabe que nesse esporte é assim. Quando você trabalha com um cavalo, com um ser vivo, é assim. Não depende só da gente, somos um conjunto. O cavalo e o cavaleiro é assim, um depende 100% do outro. Então isso faz parte do nosso esporte.
E como está a expectativa para essa ser sua primeira participação em Olimpíada?
Eu acho que o mais importante é o processo seletivo. A gente, como cavaleiro, vai sentindo as condições que a gente está, se a gente está num bom momento com o cavalo. Se realmente for o momento de convocação, tem que estar tranquilo. Pela experiência, a gente sabe muito bem o momento que a gente está, e em qual condições está. Eu acho que isso, no final, dá a tranquilidade de você se conhecer e saber se está em condição de participar de uma Olimpíada. O que me ajuda é ter a experiência de dois Pan-Americanos, isso sem dúvida é muito importante. A experiência é muito importante no nosso esporte e ajuda muito.
Como você está sentindo hoje a sua parceria com o seu cavalo, o Casper?
Eu estou bem motivada, acho que o cavalo é muito bacana, com uma mente muito boa, muito tranqüilo. Ele tem, e nós temos, boas condições de pleitear uma vaga. A luta é grande. Tem um grupo muito bom, entre oito e 10 cavaleiros, que todos têm condições de representar o Brasil. Claro que vai depender muito de como andar a seletiva, de como andarem os resultados, e como essa parceria entre cavaleiro e cavalo vai se desenvolvendo nos próximos meses.
O Brasil tem chance de ouro na Olimpíada?
Acredito, sem dúvida. A gente está com uma equipe forte, um bom conjunto de cavalos e cavaleiros. Acho que tem uma energia especial por ser em casa, isso sempre ajuda. A gente tem boas condições. A prova de equipes é em um dia, então tem que torcer para os cavalos estarem inspirados naquele dia, e os cavaleiros também. É um dia que define a medalha.
Você mora há quatro anos na Alemanha. Por que decidiu treinar na Europa?
Infelizmente, ainda não temos no Brasil o mesmo nível de competições que temos na Europa. A Europa, há muitos e muitos anos, pratica o hipismo. É é o centro de treinamento de alto nível para o hipismo mundial. Por isso que a maioria dos cavaleiros que visa a Olimpíada está na Europa se preparando e disputando as competições com outros países, com outros cavaleiros de altíssimo nível, para ter a melhor preparação possível. Porque a Olimpíada vai ser disputada com todos esses outros países que estão em condições. O treinamento é muito importante, para se alinhar e ter os mesmos concorrentes da Olimpíada.
Neste ano, você desistiu da sua vaga no Pan-Americano de Toronto. Por que e como foi essa decisão?
Foi bem difícil. Esse foi o primeiro ano que comecei a trabalhar com meu cavalo, o Casper. Foi o primeiro ano de competições dele em um nível igual ao de Pan-Americano. Eu sempre digo que a gente deveria ter o cavalo na melhor condição quando é a hora competição. Mas o que acontece não é isso. A gente acaba o antecipando o melhor momento dele, porque você tem que ter o resultado na seletiva. Então, o melhor momento do cavalo acontece na seletiva, e você não tem tempo de descansá-lo. No meu caso, isso aconteceu. Eu tive um ótimo ano, uma ótima participação na seletiva, mas senti que, no momento que eu fui convocada, meu cavalo estava um pouco cansado, do processo seletivo que a gente fez. Decidi pelo animal em não enfrentar o Pan, porque achava que ele precisava de um descanso, de um refresco, até mentalmente. E é o cavalo que eu farei a disputa da seletiva para a Olimpíada, então não quis correr o risco de botar ele em uma situação que não estivesse 100%.
Fonte *ZHESPORTES