Em busca do bi olímpico de saltos, suíço exalta cavalo: “Já é uma lenda”

Steve Guerdat aponta Nino de Buissonnets, sua montaria, como fator decisivo para os bons resultados que tem alcançado no atual ciclo olímpico: “Melhor do mundo”

Por Rodrigo BrevesGotemburgo, Suécia

Montado em Nino de Buissonnets, Steve Guerdat celebra ouro em Londres 2012 (Foto: Getty Images)

Aristocrático, o hipismo é naturalmente um esporte elitizado pela tradição e pelo alto custo para se competir. E sua prova mais tradicional, a de saltos, tem um campeão que não consegue esconder um certo ar superior. Pudera! O suíço Steve Guerdat vem vencendo os torneios mais importantes do mundo a começar pelos Jogos de Londres, em 2012. E um fator foi fundamental para os grandes resultados no atual ciclo olímpico: o cavalo Nino de Buissonnets.

– Ele é o melhor do mundo. É um cavalo muito especial. Ele não vence apenas, vence de uma maneira que apenas poucos cavalos poderiam. É muito impressionante a maneira como ultrapassa os obstáculos. O Nino será uma lenda quando se aposentar. Acho que até já é uma lenda hoje. O que é muito raro no esporte. É um cavalo de muita personalidade que merece todos os elogios – contou Guerdat.

O cavaleiro suíço, de 33 anos, vai disputar a sua quarta edição de Jogos Olímpicos, no Rio Janeiro, e é mais um personagem da série “Tô chegando” do GloboEsporte.com, que apresenta algumas das estrelas internacionais da competição no Brasil. Ele veio melhorando seus resultados ao longo das participações. Em Atenas 2004, enquanto o brasileiro Rodrigo Pessoa subia ao pódio para receber a prata, que viraria ouro por conta do doping do cavalo do irlandês Cian O’Connor, Steve Guerdat, com Olympic, ficou em 41º lugar após as três primeiras rodadas e fora da final. Em Pequim 2008, ganhou sua primeira medalha olímpica com o bronze por equipes representando a Suíça. No individual, montando Jalisca Solier, avançou à etapa decisiva desta vez e terminou na nona colocação. Até que em Londres, após zerar os dois percursos da final, já fazendo conjunto com Nino, garantiu o primeiro lugar e a medalha dourada.
Nino, por sinal, passou quase cinco meses descansando, desde o Grand Prix de Genebra, na Suíça, em que foi o vencedor. No último fim de semana, Guerdat voltou a montar o “melhor do mundo” em competições oficiais para disputar as provas de obstáculos até 1,35m e 1,40m no GP de Eindhoven, na Holanda. O conjunto ficou em 20º e 30º lugares, respectivamente, e não derrubou nenhum obstáculo em suas duas passagens, só perdeu pontos por estourar o tempo estabelecido.

Steve Guerdat garantiu que está fazendo uma preparação especial para as Olimpíadas sem queimar etapas para que Nino chegue em ótimas condições, em agosto, no Rio de Janeiro. Mesmo quando não competiu com seu principal cavalo, o suíço provou seu valor conquistando duas finais de Copa do Mundo. Em 2015, venceu em Las Vegas cometendo alguns erros com Albführen’s Paille de la Roque. Já neste ano, em Gotemburgo, estreou Corbinian em grandes competições e não derrubou nenhum obstáculo ao longo de toda a competição. Mesmo com um retrospecto recente altamente favorável, o cavaleiro destacou a dificuldade de sobressair nos saltos:

– Acho que não sou favorito. Nesse esporte, você vê um campeão diferente a cada semana. Cada campeonato tem um vencedor diferente. É muito difícil e exige demais para se vencer. Sei que se eu fizer tudo certo, tiver um pouco de sorte e meu cavalo estiver bem no dia, terei uma boa chance. Eu o conheço, sei como colocá-lo na melhor forma, tentarei dar o meu melhor, tudo para ter uma chance. Mas muitos outros também têm boas chances. Preciso focar no meu desempenho, fazer o meu melhor e esperar pela vitória – explicou.

Steve Guerdat erguido por H. Smolders e Daniel Deusser no pódio da Copa do Mundo (Foto: Dirk Caremans / Divulgação FEI)

Entre os rivais que podem buscar o ouro nas Olimpíadas, Guerdat destacou os alemães Christian Ahlmann e Daniel Deusser, além de franceses como Simon Delestre e Pénélope Leprevost. No hipismo, porém, a cabeça de cada atleta dita o seu ritmo, já que cada um entra na pista por vez e faz o seu melhor. Em relação aos cavaleiros brasileiros, como Rodrigo Pessoa e Álvaro Affonso de Miranda Neto, o atual campeão olímpico fez questão de fazer elogios.

O Rio de Janeiro não é novidade para Steve Guerdat e nem vencer na Cidade Maravilhosa. Ele foi campeão duas vezes do Athina Onassis Horse Show em 2009 e 2012, sendo que, na segunda oportunidade, a sua montaria era Nino de Buissonnets, pouco depois da conquista em Londres.

Cuidados com os cavalos

Nino de Buissonnets é campeão olímpico e de várias competições internacionais, mas nada de regalias para o “melhor cavalo do mundo”. Steve Guerdat contou que é fundamental tratar todos os animais da mesma forma para que todos consigam atingir o seu máximo, cada um dentro de suas limitações naturais.

– Tento não fazer nada muito diferente ao Nino do que faço para os outros cavalos, porque, no fim das contas, eles não têm consciência do que eles são. Quero que todos se sintam bem no meu estábulo ou onde quer que estejam. Alguns têm mais qualidade, outros menos, mas não é culpa deles, é apenas o que eles são. Tento tirar o máximo de todos eles e cuidar da melhor maneira possível seja de Nino ou de qualquer outro cavalo. É importante que todos tenham o mesmo tratamento – assegurou o suíço.

Em média por dia, cada cavalo come de seis a sete quilos e vai para o pasto de quatro a cinco vezes. E as principais dicas do campeão olímpico para um bom conjunto são treinamento e confiança.

– Os cavalos estão cada vez mais atléticos. Gosto de levá-los sempre para a natureza, para o campo e andar por florestas, o que é importante. Cuidamos o melhor que posso deles. Eles têm fisioterapeuta, veterinário e todos os tipos de cuidado para evitar as lesões. No fim das contas, não é isso que garante bons resultados. Isso faz com que a vida do cavalo seja melhor. Passar muito tempo com o seu cavalo, montá-lo e criar uma relação de confiança com ele são os fatores que podem determinar uma vitória ou uma derrota – descreveu.

Sem rituais ou superstições para iniciar uma disputa, Steve Guerdat foi bem direto no que faz antes de Nino dar o primeiro galope:

– Eu vejo o percurso, onde posso economizar tempo e tento ir o mais rápido possível.

Fonte: G1

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